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Lula intermediou reunião entre Collor e diretoria da BR Distribuidora, diz Cerveró

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Em depoimento prestado em acordo de delação premiada, o ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró relatou à força-tarefa da Operação Lava Jato que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva agendou uma reunião entre o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e a diretoria da BR Distribuidora em 2010 em que Collor teria atuado pela concessão de um crédito de 1 bilhão de reais a usinas de álcool de Alagoas.

Na ocasião, Collor reuniu toda a diretoria da BR para intermediar uma transação envolvendo a compra de álcool de uma safra antecipada de usinas do Estado. Na prática, a operação foi interpretada como uma concessão de crédito a usineiros. O senador justificou a medida em razão de “uma grande enchente que havia acometido Alagoas”. O senador petebista chegou a classificar o usineiro João Lyra como “altruísta” por supostamente estar ajudando na recuperação dos prejuízos causados pelas enchentes em Alagoas. Collor teria dito que levou Lula para conferir a situação no Estado por causa das chuvas e que o ex-presidente ficou ‘chocado’.

O negócio não foi concretizado, afirmou Cerveró, mas na sequência Lyra recebeu um empréstimo de 50 milhões de reais do Banco do Brasil por meio de uma usina de etanol em situação de falência em Alagoas. Ex-deputado do PSD alagoano e aliado político de Collor, Lyra é empresário em Alagoas e pai de Thereza Collor, que foi casada com Pedro Collor de Mello (morto em 1994), irmão do senador.

O repasse do dinheiro, segundo Cerveró, irritou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O delator disse que Renan vinculou o financiamento à campanha de Collor no Estado. Cerveró relatou aos investigadores que foi cobrado pessoalmente pelo presidente do Senado sobre a concessão do empréstimo a João Lyra. Ele não soube informar quais foram as condições do contrato de empréstimo. À época ele era diretor na BR Distribuidora e dizia que quem dava as cartas na empresa era Collor.

“Sobre esse fato [empréstimo de 50 milhões de reais] o declarante [Cerveró] foi chamado por Renan Calheiros a fornecer explicações. O declarante se reuniu no gabinete de Renan Calheiros no Senado Federal. Na ocasião, Renan Calheiros perguntou: ‘Nestor, eu soube que você concedeu R$ 50.000,000,00 (cinquenta milhões de reais) ao João Lyra’. Renan Calheiros demonstrava estar chateado com a situação”, diz trecho da delação. “O declarante então explicou que a BR Distribuidora não havia concedido o financiamento em questão. O declarante explicou que o Banco do Brasil havia concedido o financiamento. Renan Calheiros afirmou: ‘Ah, agora eu entendi, então é por isso que a campanha do Collor está deslanchando’. O declarante entendeu com isso que o dinheiro do financiamento havia sido usado na campanha de Fernando Collor de Mello em Alagoas.”

O delator também relatou a procuradores e delegados da força-tarefa da Lava Jato que “tinha reuniões periódicas, mensais ou bimestrais” com políticos e intermediários deles para acertar o repasse de propiona na BR Distribuidora. Os encontros ocorriam, entre 2010 e 2013, em hotéis de luxo da orla do Rio de Janeiro, como o Copacabana Palace e Leme Palace. Participaram dos encontros, entre outros, Pedro Paulo Leoni Ramos, apontado como operador de Collor na estatal, José Zonis, ex-diretor da BR Distribuidora, e o senador preso e ex-líder do governo Dilma Rousseff Delcídio do Amaral (PT-MS), responsável pela indicação de Cerveró para a BR Distribuidora e também tinha “ascendência grande sobre o presidente da José Lima de Andrade Neto.

O Instituto Lula divulgou nota a respeito das declarações de Cerveró, e afirma que Lula já tratou do assunto em depoimento em 16 de dezembro:

No depoimento à PF, Lula negou ter tratado com qualquer pessoa sobre supostos empréstimos ao PT ou sobre a contratação de sondas pela Petrobras, que são objetos de investigação. Esclareceu ainda que fez apenas duas indicações pessoais na Petrobrás: os ex-presidentes José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli. Os demais diretores da estatal e de empresas controladas foram indicados por partidos, como aliás ocorreu e ocorre em outros governos no Brasil e em outras democracias ao redor do mundo.

Apesar da campanha de boatos e falsas denúncias de que tem sido alvo, Lula não responde a nenhuma ação judicial, porque sempre atuou dentro da lei, antes, durante e depois de ser presidente do Brasil.

O Pipoco

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