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Agricultor caririzeiro usa madeira umburana para esculpir ferramentas em miniaturas

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Um agricultor da região do Cariri da Paraíba, na Zona Rural de Gurjão, há 217 km de João Pessoa, tem usado as horas de folga no trabalho com a terra para esculpir miniaturas de ferramentes agrícolas. Para fazer as peças, Vicente Borges Ramos utiliza da umburana, muitas vezes encontrada em restos de portas de casas antigas.

Há seis anos, seu Vicente sobrevivia com a plantação de milho e feijão. Com a seca cada vez mais latente na região, foi preciso mudar a rotina e decidiu plantar palma para a forragem dos animais. “A gente foi obrigado a mudar a cultura do plantio de palma para subsistências dos animais e sobreviver nessa região tão seca”, disse Vicente.

Agricultor produz miniaturas de equipamentos usados na roça e faz sucesso no Cariri

O agricultor cria cerca de 40 cabeças de caprinos e bovinos. Está sempre cuidando dos animais. Para a alimentação dos bichos, ele planta a palma, que é resistente à estiagem. Os animais bebem água de um poço, no sítio Pascácio.

Lá, ele mora com a esposa e os sete filhos. O sustento da casa vem da venda de queijo feito com leite das vacas que ele cria. No momento de folga, seu Vicente esculpe manualmente miniaturas de peças que todo agricultor usa no dia a dia para trabalhar.

De um pedaço de umburana, seu Vicente faz a miniatura de um machado que fica pronto muito rápido. O artesão começa cortando os pedaços de umburana que ele encontra nas redondezas. Depois, ele coloca a peça em uma máquina manual. “Aqui tenho um martelo de unha, muito conhecido aqui na região, um machado muito utilizado na Zona Rual, uma peixeira e uma enxada, tão temida pelos agricultores”, explica.

Por enquanto, fazer artesanato para vender não está nos planos do agricultor. Agora, é fazer arte pela paixão e isso inspira até a família. Duas filhas de seu Vicente já demonstram perfeição nos traços artísticos dos desenhos. “Além de mostrar o valor que ele tem, ele expressa o sentimento que ele tem por todos nós e é uma forma que ele tem de terapia”, disse Amanda Borges, uma das filhas do agricultor.

“A valorização das nossas heranças, nossos costumes, é representada nas obras que ele consegue fazer. Para mim é de extrema importância essa significância de onde nós moramos, além de mostrar o talento que ele tem”, frisou Inocêncio de Oliveira, filho de seu Vicente.

É usando as mãos calejadas na arte que seu Vicente esquece do mundo. Já produziu também um pequeno baú e uma pulseira. Aos 57 anos, ele tem um sonho para quando se aposentar. Vai se dedicar à marchetaria, arte de embutir peças de madeiras, pedras preciosas em obras de marcenaria.

Difícil vai ser seu Vicente largar a agricultura. Ele ama o trabalho na terra, cuidar de plantações e usar cada uma dessas ferramentas que ele produz, com amor, em miniatura.

“É uma arte linda, eu pretendo um dia, se Deus quiser, adquirir algumas máquinas para que eu possa realizar esse sonho meu. Um sonho de infância que eu queria poder um dia concretizar”, finalizou seu Vicente.

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