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ET de Varginha ainda mexe com a cidade mineira 20 anos após relatos do caso

museu-dos-ovnis-1342807442484_615x300-300x146 ET de Varginha ainda mexe com a cidade mineira 20 anos após relatos do casoVARGINHA (MG) – Mesmo que não tenham colocado os pés em Varginha, os ETs deixaram um rastro que até hoje mexe com a cidade. O caso da aparição de extraterrestres marrons com olhos esbugalhados vermelhos, que completa 20 anos no dia 20, tem ingredientes que instigam qualquer teoria da conspiração: um temporal que transformou o dia em noite, movimento de caminhões do Exército, OVNIs enfumaçados, testemunhas que não querem mais falar, investigador que mudou de lado, um doente mental sujo de lama e até um casal de anões. As marcas dessa história estão por todo o canto. Uma imensa caixa d’água em forma de disco voador se destaca na parte central da cidade; nas praças, há esculturas de alienígenas; e o Memorial do ET será inaugurado até agosto, com verba de R$ 1,5 milhão do Ministério do Turismo. A prefeitura quer receber mais visitantes, mesmo que venham de muito longe.
Apesar de já ser a mais importante cidade do Sul de Minas Gerais, Varginha era menos conhecida do que as vizinhas Três Corações, terra de Pelé, e Três Pontas, onde o carioca Milton Nascimento foi criado. Aquela tarde de 20 de janeiro de 1996 elevaria a fama de Varginha às estrelas.
— O ET escolheu Varginha. Caiu literalmente do céu aqui pra gente — brincou o radialista Carlos Otávio, um dos primeiros a investigar a suposta aparição de alienígenas na região.
‘Só tive aborrecimentos’
‘Vi com muita nitidez a criatura’
‘Só tive aborrecimentos’

Na quarta-feira, faz 20 anos que as irmãs Liliane, de 16 anos à época, e Valquiria Silva, de 14 anos, e a amiga Kátia Xavier, de 22 anos, revelaram ter visto uma criatura debilitada, de pele marrom e cabeça grande, encostada na parede de uma oficina, em terreno baldio, no Jardim Andere. Elas estavam a caminho de casa, na parte mais baixa do bairro. Assustadas, teriam gritado. Nesse momento, o ser teria olhado para elas. O que mais chamou a atenção, segundo as testemunhas, foram os olhos grandes e avermelhados. Logo depois, o tempo fechou e caiu um forte temporal.

Hoje, as principais testemunhas ainda moram em Varginha. Kátia, de 42 anos, está desempregada, mas eventualmente fala sobre o ocorrido. Já as irmãs Liliane, de 36 anos, e Valquíria, de 34 anos, donas de uma loja de sucos, não gostam do tema. Na lanchonete, nada lembra os ETs. Elas não querem mais falar sobre o caso. Reclamam das zombarias dos incrédulos e do assédio dos fanáticos.

— É o tempo todo as pessoas perguntando sobre. Dizem que montei a loja com o dinheiro que ganhei com a história. Só tive aborrecimentos — explicou Valquíria.

O caso de Varginha ganhou destaque no Brasil e no exterior.

— Isso aqui virou uma Torre de Babel. Eram ufólogos dos países da Europa, da América — contou o comerciante José Esdras, de 70 anos, abismado com a movimentação na cidade.

Miniatura de E.T. vendida em Varginha – Élcio Braga / Agência O Globo
O caso ganharia mais repercussão com a morte do policial militar Marco Eli Chereze, pouco mais de três semanas após a suposta aparição. O PM morreu depois de uma infecção generalizada. Para o ufólogo Marco Antonio Petit, um dos principais investigadores do caso, o PM teria tocado no ET durante uma suposta captura.

Novas testemunhas apareceram. Um casal de lavradores, Eurico e Oralina de Freitas, relatou ter visto um objeto voador com aparência de um charuto passar soltando fumaça branca. Mesma descrição do piloto de ultraleve Carlos de Souza, que passou pela região, no dia 13 de janeiro daquele ano. Relato da aparição de um ET no Jardim Zoológico da cidade em 13 de abril, reforçaria a versão de que uma nave alienígena de resgate teria também estado em Varginha. A morte de quatro animais, na mesma época, criaria mais polêmica.

Em 2010, causou surpresa a tardia divulgação de um Inquérito Policial Militar, concluído em 1997, que investigou a suposta aparição e a participação de militares da escola de Sargento das Armas, da vizinha Três Corações. O documento sugere que as jovens teriam visto um doente mental, que teria o costume de ficar agachado. Lambuzado de lama por causa da chuva, teria confundido as jovens. Um oficial diria depois que a mobilização militar em Varginha teria sido para socorrer um casal de anões durante o temporal.

A história ganharia mais destaque quando a presidente Dilma Rousseff, ao visitar Varginha, fez uma declaração:

— Eu tenho respeito pelo ET de Varginha. Quem não viu, conhece alguém que viu ou tem alguém na família que viu. Começo dizendo que esse respeito pelo ET de Varginha está garantido.

O Caso Varginha, 20 anos depois, é um grande mistério. O advogado Ubirajara Rodrigues, que liderou as primeiras investigações do grupo de ufólogos, não fala mais sobre o assunto, após admitir a falta de provas da passagem de alienígenas na cidade. Já os participantes do Grupo “Ufos de verdade, informação já” garantem ter entrevistas em vídeo, com pelo menos dez militares que teriam participado da captura das criaturas. E alegam não poder divulgar os nomes para evitar a punição. Mesmo sem provas a história resiste.

‘Vi com muita nitidez a criatura’

Kátia Andrade Xavier foi uma das três jovens que relataram ter visto a criatura. A seguir, o relato dela:

“Tem horas que eu me pergunto sobre o que vi naquela tarde, encostado no terreno baldio. Meu Deus, será que era mesmo um ET? Eu mesmo fico em dúvida. O que será que vi? Vi com tanta nitidez aquela criatura, como a imagem que hoje está na internet. Naquela época, eu era uma menina. Achava que era o demônio ou outra coisa qualquer.

Não me incomoda hoje falar sobre o que vi naquele dia. O que me incomoda são as piadas que fazem, mas costumo tirar de letra. Tem muita gente que confia em mim. Vejo o quanto muita gente me leva a sério. Gosto de atender as pessoas que querem saber sobre o caso. Recentemente, dei uma palestra em uma cidade vizinha. Tenho estudado sobre ufologia e lido alguns livros. O que mais tem despertado minha curiosidade são as abduções.”

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