A dupla de repentistas paraibanas Minervina Ferreira e Maria Soledade será a atração do projeto De Repente no Espaço no dia 2 de março, em comemoração ao Mês da Mulher. O show começa às 19h no mezanino do Teatro Paulo Pontes, do Espaço Cultural José Lins do Rego.
As repentistas serão apresentadas por Iponax Vila Nova, declamador oficial do evento, cuja entrada é gratuita.
Poucas são as mulheres que enveredam pelos caminhos da cantoria de repente. Esse tema chegou a ser objeto de estudo para a tese de mestrado “Mulheres de Repente: Vozes Femininas No Repente Nordestino”, defendida pelo pesquisador Laércio Queiroz de Souza (UFPE).
Em seu registro, o pesquisador cita que cordelistas, cantadoras, emboladoras, aboiadoras, desafiam este universo tradicionalmente masculino e transfiguram motes com suas métricas perfeitas que nada deixam a desejar a muito velho cantador. “Essa expressiva presença, algumas vezes mimetizada, não busca ocupar o espaço do outro, porém e principalmente, ocupar o seu próprio espaço antes vazio”, avalia.
Minervina Ferreira (Cuité – PB) – Seu nome de batismo é Minervina da Silva Costa – Ferreira veio da profissão do pai. Dentre as repentistas, Minervina ou Minerva, como alguns a chamam, é das mais experientes. Porém, ainda que seja sobrinha de cantador, enfrentou na família, sérios preconceitos para levar adiante a profissão de cantadora.
Além de repentista, Minervina é professora primária e trabalha na saúde pública em Cuité, onde mora desde que nasceu. Desenvolve também trabalho comunitário junto à Igreja Católica. É casada e mãe de seis filhos e todos sabem rimar, mas nenhum é cantador de profissão.
A poetisa procura imprimir em sua obra temas sociais, principalmente a condição da mulher. Indignada com o modo como os cantadores tratam as repentistas, organizou juntamente com a amiga Maria Soledade, cinco encontros de mulheres repentistas a fim de tornar pública as vozes das violeiras tantas vezes sufocadas.
Maria Soledade (João Pessoa – PB) – Camponesa aposentada, porém ainda ativista do Movimento de Mulheres do Brejo, de Alagoa Grande, Maria Soledade, hoje vivendo em João Pessoa por causa de perseguição política, ganhou do pai, quando criança, um violão. Sua mãe não aprovou a ideia e dizia que cantar seria ‘negócio para homem’. Com a aprovação do pai, não seria tão difícil à entusiasmada menina seguir em frente. Os preconceitos que viriam, por maiores que fossem, não tinham o mesmo peso. Artista engajada, Soledade, além de repentista, escreve poemas.
Muitos deles trazem marcas ideológicas que quando publicados lhe rendem alguns problemas com poderosos latifundiários do Nordeste. A vida dessa mulher está inteiramente ligada à arte da cantoria e conhecendo-a não surpreende uma certa afirmação que fez ao marido: “Marido ruim eu encontro em qualquer esquina, mas uma viola boa, se eu perder essa tá difícil de encontrar”.
Sobre o projeto – De Repente no Espaço é um evento mensal da Funesc lançado em julho do ano passado e faz parte do projeto de ocupação do Espaço Cultural. Os encontros acontecem na primeira quarta-feira do mês.
A cada mês, um repentista paraibano se apresenta fazendo dupla com um convidado vindo de outro Estado, apresentando duelos, poesias e canções da melhor qualidade do universo dos versos da cultura popular nordestina. O apresentador oficial e declamador é Iponax Vila Nova, coordenador do projeto que além conduzir as cantorias realiza oficina de declamação e versos pelo Estado, dentro do projeto De Repente no Espaço.
Serviço
De Repente no Espaço
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