Com mais de 15 horas de sessão, 1° dia de julgamento de Dilma tem bate-boca
O primeiro dia de julgamento da presidente afastada, Dilma Rousseff, foi marcado por bate-boca entre petistas e senadores pró-impeachment e discussões sobre o papel de testemunhas arroladas por cada lado.
A sessão, iniciada às 9h33 desta quinta (25), foi suspensa às 00h17 de sexta (26), após quase 15 horas de duração. A sessão será retomada na manhã de sexta, com a continuação da oitiva de testemunhas.
Alguns episódios do primeiro dia têm certa relevância técnica para os autos do processos, mas politicamente não sinalizam mudanças no cenário favorável ao impeachment.
Uma polêmica envolveu decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, de rebaixar à categoria de “informante” o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Júlio Marcelo.
Personagem que defendeu as chamadas “pedaladas fiscais”, Marcelo foi arrolado como “testemunha” da acusação. A defesa conseguiu convencer Lewandowski de que ele não poderia ter essa posição por ter compartilhado em rede social uma convocação para um protesto contra a política fiscal petista.
O “rebaixamento” foi comemorado por aliados. O PT pretende lançar mão da chamada teoria do “fruto podre” na Justiça, caso recorra da provável decisão pelo impeachment de Dilma, segundo a qual um ato pode contaminar o processo.
Para tentar conter a ofensiva, Marcelo declarou que votou em Dilma nas eleições de 2010. Ponderou, entretanto, que não fez o mesmo em 2014.
Ronaldo Caiado (DEM-GO) deu o troco e questionou Lewandowski sobre a economista Ester Dweck, arrolada como testemunha de Dilma.
Dweck foi Secretária de Orçamento de Dilma e, agora, depois de ter perdido o cargo sob a gestão Temer, foi cedida pela universidade para o Senado, a pedido da petista Gleisi Hoffmann.
Logo pela manhã, um bate-boca entre senadores da base aliada e da oposição levou à suspensão, por alguns minutos, da sessão. Hoffmann questionou a “moral” do Senado para julgar Dilma.
“Eu exijo respeito ao decoro. Eu não sou assaltante de aposentado”, bradou Caiado. O marido de Gleisi, o ex-ministro Paulo Bernardo, chegou a ser preso na Lava Jato em investigação que apura supostos desvios de crédito consignado de servidores.
Lindbegh Farias (PT-RJ) gritou com Caiado: “Canalha”. O senador do DEM respondeu: “Abaixa esse dedo que você só tem coragem aqui, na frente de uma câmera. Vai fazer seu antidopping”.
Folha