As obras do Eixo Leste estão rodando dentro do planejado e a passagem das águas do Rio São Francisco acontecerá em dezembro de 2016. Essa etapa da obra alcança Campina Grande. Quem deu a declaração foi o ministro da Integração Nacional, Hélder Barbalho, nesta quarta-feira (22). Ele falou ainda que o governo trabalha no edital para conclusão do Eixo Norte do Projeto São Francisco, que alcança outro grupo de cidades.
O ministro deu a declaração durante reunião do Conselho Deliberativo (Condel) da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), realizada em Recife (PE).
O novo edital será para seleção da empresa que deve substituir a Mendes Júnior, que não conseguiu atender as responsabilidades contratuais diante do comprometimento da sua capacidade técnica gerada por dificuldades na obtenção de créditos.
Segundo o ministro, a prioridade da Pasta é garantir abastecimento de água e desenvolvimento econômico para o Nordeste. Com esse objetivo, ele disse que diversas medidas são tomadas, além do Projeto São Francisco, como a garantia de recursos para a execução das obras hídricas, a construção de adutoras de engate rápido e a operação carro-pipa.
Quase 90% das cidades paraibanas enfrentam crise hídrica. De acordo com dados da Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), a Paraíba tem 38 reservatórios com capacidade armazenada superior a 20%; 34 em observação (com menos de 20%) e 54 em situação crítica (com menos de 5%).
Campina Grande, a segunda maior cidade do estado, com 402 mil habitantes, depende do açude que fica na cidade de Boqueirão. O reservatório Epitácio Pessoa enfrenta a pior seca da história e tem apenas 6,9% da capacidade.
A cidade e outras que ficam na mesma região enfrentam um rigoroso esquema de racionamento adotado pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cegepa) dezembro de 2014.
A obra
Cortando os estados de Pernambuco, Ceará e Paraíba, as obras do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco estão atrasadas. Em julho deste ano, chegaram a ficar paralisadas, com a demissão de 700 trabalhadores e a concessão de férias coletivas para outros 600 funcionários por parte da Mendes Júnior, construtora responsável pelo trecho. O Ministério da Integração Nacional já teria investido R$ 5,1 bilhões nesse eixo. A previsão é que obra seja totalmente entregue no começo de 2017.
Com 477 quilômetros de extensão em dois eixos (Leste e Norte), a Transposição das Águas do São Francisco, realizada nos governos de Lula e Dilma Rousseff, vai garantir a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios da Região Nordeste, onde a estiagem é frequente.
No estado da Paraíba, no Eixo Leste a água da Transposição passará pelos rios do Cariri e Agreste, enchendo o Açude Poções, em Monteiro, Epitácio Pessoa, em Boqueirão, e a Barragem de Acauã, em Itatuba. A água chegará por meio de canais e túneis subterrâneos. Parte dessa água do Eixo Leste também será distribuída para toda a Região do Cariri, com a possibilidade de levar água até a Região do Curimataú.
No eixo Norte, a água chegará na Paraíba pela Barragem de Caiçara e seguirá para o Açude Engenheiro Ávidos, em Cajazeiras, e em seguida para o Açude São Gonçalo e Rio Piranhas, chegando ao estado do Rio Grande do Norte, onde terá outras distribuições. A Paraíba também conseguiu a aprovação de uma entrada no Eixo Norte para o Açude de Condado, na cidade de Conceição, no Sertão.
Segundo o Ministério da Integração, em todo o Nordeste o Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco emprega diretamente cerca de 10 mil pessoas, tendo cerca de 477 quilômetros, atingindo 27 reservatórios, 14 aquedutos, nove estações de bombeamento e quatro túneis.
Presidido por Bertrand Asfora, o ‘Comitê de Gestão da Crise Hídrica na Paraíba’ foi criado no dia 10 de junho deste ano e, em um primeiro momento, teve como principal foco o Açude de Boqueirão e o abastecimento de água na região polarizada pelo município de Campina Grande. O ‘Comitê’ é composto por instituições governamentais e instituições da sociedade civil. Alguns integrantes foram convidados e outros convocados, de acordo com a legitimidade dada ao Ministério Público, conforme a legislação.