Médica paraibana ganha Prêmio Cláudia de Ciências
A médica paraibana Adriana Melo recebeu na noite da terça-feira, 4, o Prêmio Cláudia, da Editora Abril, na categoria Ciências, um dos maiores reconhecimentos nacionais a mulheres que atuam em diferentes áreas do trabalho e do conhecimento. Adriana Melo foi homenageada por ser a responsável pela descoberta da associação entre o Zika Vírus e a microcefalia e outros distúrbios.
Adriana se dedica às pesquisas sobre a Síndrome Congênita da Zika e ao acompanhamento das gestantes. Ela recebeu o prêmio com emoção. “Essas mães não podiam ser tratadas apenas como números. Essas famílias têm nome e rosto”, disse a médica ao receber a premiação.
Adriana Melo tem 45 anos de idade, tem doutorado na área de medicina fetal, atua no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida, o Isea de Campina Grande, e foi uma das primeiras a observar o crescimento da anomalia entre os recém-nascidos. Ela desenvolveu pesquisas em bebês e gestantes atendidos na maternidade e, além da associação entre zika e microcefalia, também descobriu distúrbios diferentes causados pelo vírus, comprovou a transmissão fetal da chikungunya e estuda novos casos de deformações em bebês por novos vírus.
“Eu observei no início um caso de microcefalia com alteração no cerebelo, que é algo comum em doenças genéticas e depois percebi outro caso de microcefalia em que havia calcificação no cérebro, o que é comum em infecção. Foi nesse momento que percebemos que havia algo de diferente e passamos a investigar”, disse.
Adriana também já recebeu o prêmio Walter Schmidt, concedido há 15 anos pela empresa Fanem. A premiação ocorreu na Feira Hospitalar 2016, considerado um dos maiores eventos do setor no mundo.
Ela também é uma das dez pessoas homenageadas do Prêmio Trip Transformadores 2016, da revista Trip. O prêmio é concedido a pessoas que se destacam no Brasil nas suas áreas de atuação para promover desenvolvimento humano com sustentabilidade, inteligência e inovação.
Apesar de todo o tempo dispensado para as pesquisas, estudos, divulgação científica dos seus trabalhos, atendimento às gestantes e aos bebês, Adriana também desenvolve papel importante na imprensa mundial por informar aos jornalistas sobre os avanços das pesquisas e os alertas necessários para a população.
Algumas das reportagens que a entrevistaram estão concorrendo ao prêmio Emmy Internacional, considerado o Oscar da TV no mundo. As reportagens fazem parte da cobertura do Jornal Nacional e do Fantástico, da Rede Globo, sobre os casos de Síndrome Congênita do Zika Vírus.
A médica realiza ultrassonografias no Isea com gestantes que tiveram Zika durante a gravidez. O Instituto ampliou o número de exames para possibilitar a descoberta de mais casos.
A Prefeitura Municipal de Campina Grande concedeu uma bolsa de estudos à médica para colaborar com as pesquisas e disponibilizou um espaço no Hospital Municipal Pedro I para instalação do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto – Ipesq, do qual Adriana Melo é presidente e que realiza pesquisas sobre o assunto. No Pedro I a PMCG montou também o Ambulatório Especializado em Microcefalia com serviços de tratamento para as crianças, onde já são atendidos mais de 120 bebês.