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Com apoio de familiares, PMs ignoram acordo e mantêm motim no ES

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Mulheres de policiais continuam acampadas em frente a batalhões em Vitória, no Espírito Santo, mesmo depois das 7h, prazo para os PMs voltarem às atividades sem punição.

Nesta sexta (10), associações de policiais militares e o governo do Estado entraram em acordo para o fim do movimento que mantém há uma semana PMs e bombeiros militares fora das ruas.

O governo estadual não atendeu ao pedido de reajuste salarial, mas ficou de apresentar uma proposta no fim de abril deste ano.

Policiais militares à paisana e mulheres em torno do Quartel do Comando-Geral da PM, do Batalhão de Missões Especiais e do 1º Batalhão afirmam que nenhuma viatura saiu durante a madrugada.

O motim permanece da mesma forma, segundo dizem. No pátio do 1º Batalhão, as viaturas estavam estacionadas após o prazo dado pelo governo.

Em frente ao quartel, por volta das 7h40, uma fila de carros particulares com policiais fardados se posicionou diante do portão.

Houve uma tentativa de fazer as mulheres liberarem a saída, mas elas se agarraram ao portão, fazendo orações e cantando o hino nacional.

“Isso é problema do governador com as entidades”, disse Carmen Pesse, uma das manifestantes, sobre o acordo. “Vamos ficar aqui até o governador negociar com a gente.”

Às 7h55, uma soldado não identificada fez uma nova tentativa: “A gente precisa sair. Tenta entender. Vocês sabem o risco que estamos correndo aqui”. Ela disse que aqueles policiais precisavam estar nos postos de trabalho às 8h.

Diante de nova negativa, os policiais voltaram para dentro do quartel e retiraram os carros da área do portão.

Os policiais que não retomaram as atividades estão sujeitos a indiciamento pelo crime militar de revolta, que leva a expulsão do militar e prevê pena de 8 a 20 anos de prisão.

Também poderão ser alvos de processos administrativos internos, que igualmente podem levar à expulsão e são mais céleres que os processos criminais.

Um total de 703 policiais já foram indiciados por revolta até sexta (10).

VILA VELHA

No 4º Batalhão, no bairro do Ibes, em Vila Velha (Grande Vitória), cerca de 40 familiares e alguns policiais a paisana estão do lado de fora e nenhum militar saiu para trabalhar.

A poucos metros dali, na avenida Carlos Lindenberg, há uma blitz com dois caminhões do exército e aproximadamente 20 homens armados.

“O que foi assinado ontem com as associações não nos representa. Esse é um movimento dos familiares. A comissão que representa as mulheres não foi convidada a comparecer e nem assinou nenhum documento. Quem deveria nos representar, nos traiu. Isso nos motivou ainda mais a lutar e vamos continuar”, afirmou uma das mulheres no local.

Os terminais de ônibus da cidade estão funcionando, mas só estão operando as linhas que ligam um terminal a outro –as que alimentam os bairros não saíram às ruas.

Muitos comerciantes decidiram abrir as portas na manhã deste sábado, mas zonas importantes de comércio, como o Pólo de Confecções da Glória, em Vila Velha, permaneceram fechados. O local foi um dos principais alvos de saques durante a onda de violência que atingiu a Grande Vitória no início da semana.

Carlos Eduardo, gerente de uma loja de informática, diz que a decisão de abrir as portas foi para evitar prejuízos ainda maiores depois de uma semana de comércio fechado.

“Seguro mesmo, não nos sentimos. Mesmo estando no centro da cidade, poucos homens das forças de segurança circulam por aqui. Mas não podemos ficar mais fechados. Já perdemos cerca de R$ 10 mil em vendas. Evitamos ficar até tarde por precaução. Se percebermos algum risco, fechamos”, afirmou.

RENÚNCIA

Durante a madrugada, o presidente da Associação de Cabos e Soldados do Espírito Santo, Renato Martins, afirmou que não se considera mais dirigente da entidade.

“Eu não estou legitimado para negociar em nome da categoria, e a categoria não me reconhece como representante dela. Eu não estou legitimado para lidar com essa situação”, afirmou.

Após ter assinado o acordo, Martins foi tentar convencer policiais da Rotam a voltar ao trabalho.

“Não fomos compreendidos e, pelo contrario, a tropa nos viu como pessoas que traíram a categoria e que não deveriam ter assinado a proposta que o governo nos fez”, disse.

“Saí da Rotam com gritos de ‘vergonha, vergonha’. Eu não consigo enxergar possibilidade de continuar à frente da Associação de Cabos e Soldados. […] Eu sinceramente entendi que nós tínhamos encontrado uma boa solução para essa situação, mas eu já percebi que eu fracassei.”

Folha

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