O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, prometeu que a água chegaria à Paraíba nos primeiros dias de março; e assim foi feito. Com menos “bombas” do que o previsto nos reservatórios em Pernambuco, com remendo na barragem que se rompeu, felizmente, ela chegou.
Correram para deixar o canal até Monteiro pronto. Mas está lá, pra todo mundo ver: paredes desmoronando. Em pelo menos dois trechos, antes de chegar na área urbana. Bastou uma chuva e a terra desceu. Já retiram o barro, mas as marcas da fragilidade estão lá.
O governo Federal promete que a água vai chegar em Campina Grande em abril e num esforço concentrado move-se terra, pedras, leitos, montanhas. O governo Estadual é responsável pela execução. É questão de honra. É agenda política. É pressão. As consequências naturais? Veremos no futuro.
Deixaram CG ficar refém da transposição e ela está com corda no pescoço. O racionamento veio tarde. Apostaram na chuva. Agora, para evitar que culpados se multipliquem, o esforço é concentrado e até, dizem especialistas, inconsequente.
Os responsáveis pelas ações negam. Devem fazer isso, mas não podem exigir cegueira crítica.
Abertura no açude Poções para a água passar mais rapidamente, “rasgo” pela serra em Camalaú para que ela siga seu curso. As obras são, claramente, necessárias nas condições atuais de desespero, mas são “emendas”.
Mostram que se Campina Grande não tivesse na iminência de um colapso, o caminho deveria ser o mais natural possível e não da forma que está sendo.
Em, Monteiro a população reclama que o racionamento ainda é severo mesmo com a água chegando a Poções, açude que abastece a cidade.
Em Camalaú, pescadores estão com medo da água “ir embora” quando atingir o nível do “rasgo” feito para lançar o rio São Francisco no PB.
Tem tudo para dar certo e a torcida é coletiva, mas é inegável que são remendos para salvar a Rainha da Borborema. Como os obstáculos visíveis no meio do caminho, a água, talvez, chegará em CG em abril, mas não espere um “mar salvador”.
A região metropolitana da Rainha da Borborema vai penar por muito meses ainda. Estamos falando de 19 municípios com racionamento severo.
A correria é tanta que esqueceram de planejar como vão atender a população da zona rural da cidades onde a água já passou. Os trabalhadores rurais ainda estão respeitando e ainda não colocaram bombas clandestinas. A maioria tem até consciência disso, mas muitos estão com “sede”. O que fazer? Os poços secaram. Os carros-pipa foram cancelados.
A Aesa – Agência Estadual de Gestão das Águas está cadastrando a população ribeirinha do “novo” rio. Mas por lá, tudo é uma incógnita. Não sabem quando serão efetivamente beneficiados. Campina é a prioridade.
A obra impressionante, inacreditável. Mas desconfiados como somos da cultura da emenda, da nossa incapacidade de gestão, dá até medo que vai acontecer com essa água.
De qualquer forma, a felicidade é tão grande no Cariri que é difícil não se contaminar com o otimismo.
Jornalparaiba