Paraíba

População no Cariri da Paraíba sofre com bancos sem operações com dinheiro

timthumb-22-300x218 População no Cariri da Paraíba sofre com bancos sem operações com dinheiro

Cabaceiras, no Cariri da Paraíba, a 200 quilômetros da capital João Pessoa, tem uma agência bancária que conta com toda a estrutura necessária, mas que não tem sequer uma cédula de R$ 2 para movimentação financeira. Os caixas eletrônicos servem apenas para serviços de consulta como saldos e extratos. Na mesma cidade, a agência dos Correios, que poderia movimentar dinheiro, está fechada há um ano. O motivo são roubos e explosões dos cofres e caixas eletrônicos.

A população tem que viajar para outras cidades pra conseguir sacar dinheiro e a queda provocada na economia tem feito o comércio local temer a falência. “No comércio daqui, depois das explosões no banco e nos Correios, as vendas caíram muito. Pois o pessoal vai pra fora (outras cidades) e lá mesmo já tira o dinheiro e já faz as compras”, disse o auxiliar de serviços gerias João Carlos.

“O dinheiro não circula na cidade. O dinheiro passa a circular fora [da cidade] então há uma dificuldade muito grande para nós empresários aqui do Cariri. Se assim permanecer, muitas empresas vão baixar as portas. Não aguentam porque o imposto é muito alto, a carga tributária é alta demais e estamos tendo muita dificuldade até de efetuar a folha de pagamento dos funcionários”, disse o empresário José de Arimatéia.

Motivo
O Banco do Brasil de Cabaceiras foi explodido pela última vez em agosto de 2015. As janelas de vidro danificadas com o ataque ainda não foram repostas e ainda são substituídas por tapumes de madeiras. Mesmo assim, a agência reabriu, segundo o banco, por segurança, mas não faz nenhum tipo de operação que envolva cédulas de dinheiro.

Os funcionários fazem atendimentos administrativos e os caixas eletrônicos servem apenas para consultar saldo e extratos de contas.

“Era pra tirar (sacar) dinheiro. Mas só serve para resolver problemas de senha, revisar senhas. Serve pra resolver outras coisas, mas dinheiro não”, diz a aposentada Maria Xavier. “É um banco sem dinheiro. Banco desprezado”, acrescenta o aposentado João Morais.

Já agência dos Correios de Cabaceiras está fechada desde que foi explodida há um ano. O prédio é fechado com porta e grades e tem um recado que diz: “Fechado por tempo indeterminado”. Nos municípios da região do Cariri paraibano, cerca de 300 moradores estão sendo prejudicados pela falta de movimentação de dinheiro em espécie, nos bancos dos municípios da região.

Boqueirão
Na cidade de Boqueirão, que fica a 23 quilômetros de Cabaceiras, a agência do Branco do Brasil também está funcionando sem a movimentação de dinheiro em espécie. A população conta com uma agência dos Correios para movimentar dinheiro.

Entretanto, fazer operações não é fácil e os moradores chegam a virar a madrugada formando filas em frente a agência.

Para aguentar ficar horas na fila, os moradores levam banquinhos de casa e passam a madrugada acordados, esperando sentados e sujeitos ao frio, chuva e sol quando o dia amanhece. A agência abre às 8h. A maioria dos que passam a madrugada na fila são idosos, em busca de sacar dinheiro da aposentadoria, uma vez que, apenas eles – os titulares – podem realizar o saque.

“A gente sofre demais. Eu sou doente demais. Sou diabética, tenho problemas de hipertensão, tomo insulina, me dá muita tontura, agonia. Tem dia que passo mal na fila. Hoje estou com minha filha, qualquer coisa ela está aqui”, disse a agricultora Maria Tereza Anjo.

Tanto sofrimento para conseguir o direito de sacar o salário ou aposentadoria faz com que a população deseje o retorno das atividades financeiras no Banco do Brasil. “Se fosse no banco era tão bom. Eu desejo tanto aquele banco pra gente receber o pagamento da gente lá. Lá tem sombra, pelo menos”, lamenta Maria Tereza Anjo.

A agência do Banco do Brasil, em Boqueirão, funciona em horário normal, tem caixas eletrônicos, mas não tem dinheiro, servindo apenas para consulta de saldos, extratos, nada que envolva cédulas. A situação do banco é essa, desde que ele foi atacado por três vezes no ano de 2015.

Correspondente
Ainda na cidade de Boqueirão, o mesmo acontece em frente a um correspondente bancário, com mais fila e outras pessoas que também acordam de madrugada para tentar sacar dinheiro.

A agricultora Lenilda Nascimento saiu de casa de 1h (horário local) para a fila, mas, nem sempre chegar cedo garante a certeza de voltar pra casa com dinheiro. “Têm muita gente. Então algumas vezes a gente não tira (dinheiro), fica até 13h ou 14h, sem tirar”, disse ela.

O comércio local
Para os comerciantes de Boqueirão, esta condição é a mesma de não ter um banco na cidade. Jackson da Mata trabalha em uma loja de material de construção e disse que As vendas diminuíram cerca de 40%, desde que o banco parou de movimentar dinheiro.

Ataques na Paraíba
De acordo com os dados do Sindicato dos Bancários da Paraíba, apenas no ano de 2016 foram registrados 105 ataques contra bancos. Entre os casos estão 64 explosões, três assaltos, 31 arrombamentos, quatro tentativas de assalto e três golpes do tipo “saidinha de banco. Já este ano, até o fim da tarde desta sexta-feira (10), foram registados oito ataques, sendo cinco explosões, um assalto e duas explosões.

A Secretaria Estadual de Segurança e Desenvolvimento Social (Seds), através do delegado geral adjunto, Iaías Glauberto informou que a Polícia Civil já fez mais de 400 prisões de suspeitos de explosões, nos últimos cinco anos. Disse ainda que a Secretaria de Segurança tenta manter um diálogo com as instituições bancárias, para que os bancos aumentem a segurança nas agências e faça investimentos em equipamentos que inibam as ações deste tipo.

Já a diretoria de comunicação da Febraban, informou que já está investindo na segurança das agências, principalmente em tecnologia, para que sejam feitas operações rápidas e seguras pelos clientes. Isso iria reduzir a necessidade de ter dinheiro em espécie dentro das agências bancárias. Mas, sobre as explosões de caixas, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) ressaltou que a ação de segurança necessária para enfrentar essa violência está fora do alcance das instituições privadas.

G1PB

 

O Pipoco

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