Um dos líderes da organização criminosa especializada em fraudar concursos públicos segue foragido, de acordo com o superintendente da Polícia Civil da Paraíba, delegado Marcos Paulo. O Policial Rodoviário Federal Marcus Vinicius Nascimento Pimentel era um dos líderes da organização juntamente com Flávio, Policial Militar de Alagoas, e Vicente Borges, que é seu irmão. A Polícia estima que a quadrilha conseguiu levantar cerca de R$ 21 milhões com as fraudes aplicadas.
O esquema de fraudes e o andamento das investigações foi explicado em coletiva de imprensa realizada na central de Polícia Civil, em João Pessoa. Foram apresentados nesta segunda-feira (15) os presos na segunda fase da Operação Gabarito suspeitos de integrar a quadrilha. Dois policiais militares estão entre os envolvidos. A soldada Poliana de Alencar Holanda foi presa na segunda fase da operação portando drogas em sua casa. Ela foi aprovada em diversos concursos públicos e é apontada como membro importante da organização criminosa.
Na primeira fase foram presos 19 presos, sendo 10 em João Pessoa e nove em Natal. Já durante a deflagração da segunda fase, foram presos outros seis suspeitos. Dentre os presos, foram identificados três professores de cursinhos, sendo Hugo José da Silva, de Matemática e Raciocínio Lógico, Edson José Claudino Ferreira, de Informática, e Dárcio de Carvalho Lopes, de Português.
O delegado Marcos Paulo afirmou que “em algumas documentações apreendidas demonstra que ele (Marcus Vinícius) tem uma participação de 25% do valor arrecadado, depois de pago todo o custo da organização criminosa. O Flávio tem participação de 50% e Vicente, seu irmão, 25%”.
Ainda de acordo com o superintendente da Polícia Civil, Marcus Vinícius está de licença médica da PRF há mais de um ano, o que faz crer que tenha usado este tempo se dedicando à quadrilha.
Além do líder da quadrilha, Erideywyd Henrique Omena Ferreira da Silva (Deyvid) também segue foragido da Polícia. Qualquer informação sobre o paradeiro dos foragidos que possa ajudar em sua localização e captura pode ser repassada pelo Disque Denúncia 197.
Deyvid também é um dos principais executores das fraudes nos concursos. Ele já passou em diversos concursos e responde processos em Pernambuco e Alagoas por porte ilegal de armas, tráfico de drogas e homicídios. Deyvid já havia sido preso em 2014 suspeito de fraudar um concurso público em Olinda, Pernambuco.
O suspeito também possui uma empresa de construção em seu nome, a TM Borges, que possivelmente é usada para lavagem do dinheiro arrecadado pela quadrilha. De acordo com o delegado Lucas Sá, da Delegacia de Defraudações e Falsificações, com o dinheiro dos concursos os integrantes da quadrilha constroem muitos imóveis utilizando o CNPJ da empresa de Deyvid.
“Um dos próximos passos é identificar esses imóveis que estão sendo construídos, identificar os valores que são investidos para lavar o dinheiro dessas fraudes, para que possam ser bloqueados, sequestrados, esses imóveis serem leiloados e esses valores serem ressarcidos depois aos órgãos públicos que foram lesados por essa organização criminosa”, explicou Lucas Sá.
Fraudes em 70 concursos
A Polícia Civil da Paraíba já identificou fraudes em 70 concursos, inclusive em outras regiões do Brasil como Sul e Sudeste. No último concurso realizado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a quadrilha cobrou R$ 79 mil por candidato de acordo com a Polícia Civil.
Ainda durante a primeira fase da operação, que aconteceu no dia 7 de maio, foram apreendidas diversas provas e “as investigações avançaram ao ponto da gente conseguir representar por algumas prisões e algumas buscas”, afirmou o superintendente Marcos Paulo.