Vasco pressiona, mas fica no empate com o São Paulo
Foi uma tarde de roteiro repetido para o Vasco: superioridade técnica, muitas ações ofensivas, mas novamente um empate — placar final de quatro dos últimos cinco jogos. Desta vez, a igualdade aconteceu contra o São Paulo, por 1 a 1, em jogo que marcava a volta da torcida a São Januário após a punição recebida pela violência no clássico contra o Flamengo. Este cenário de guerra, felizmente, não se repetiu. A despeito da preocupação gerada pelo clima turbulento das eleições, a torcida vascaína ficou em paz, e até aplaudiu o time no apito final.
No primeiro tempo, o jogo só foi esquentar depois que o árbitro Leandro Vuaden fez uma pausa para reidratação dos jogadores. De cabeça fresca, o Vasco tornou-se mais insinuante quando Zé Ricardo inverteu os posicionamentos de Yago Pikachu e Paulinho, movendo este último da direita para a esquerda. Em uma infiltração diagonal, Paulinho iniciou a jogada da falta sofrida por Andrés Rios, que Nenê bateu tirando tinta da baliza defendida pelo goleiro Sidão, aos 30 minutos.
O problema é que o São Paulo também voltou mais atento da parada técnica. Aos 36, Maicosuel armou um contra-ataque pela faixa de campo protegida do sol em São Januário, no lado esquerdo do ataque paulista, e assustou Gabriel Félix com um chute rente à trave. A solução para o São Paulo, contudo, não foi sombra e água fresca, mas sim um momento inspirado de Marcos Guilherme. Aos 39, o meia-atacante desarmou o volante Jean na intermediária defensiva do Vasco e soltou um chute de rara felicidade, indefensável, no ângulo de Gabriel.
— Não vi (Marcos Guilherme). Tentei proteger, até pensei que o Henrique estivesse mais próximo — comentou Jean na saída para o intervalo. —Assumo o erro, assim é o futebol. Estamos dispostos a acertar sempre, mas às vezes erramos.
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Depois do gol, o Vasco parecia ansioso para compensar as próprias falhas. Jean passou a avançar mais e tentar finalizações, sem muito sucesso. A transição entre defesa e ataque deveria ser responsabilidade do outro volante, Gilberto, que fazia partida fraca tecnicamente. Zé Ricardo percebeu o problema e sacou Gilberto no intervalo, lançando Evander em seu lugar.
Revelado pelo Vasco, o jovem meia de 19 anos já havia se mostrado confortável como volante na quarta-feira, contra o Santos, quando marcou um golaço em chute de longe. Com sua entrada, Jean pareceu mais tranquilo em assumir tarefas defensivas, e o Vasco ainda ganhou uma ótima opção ofensiva. Aos oito, Evander chamou para si uma cobrança de falta, normalmente atribuição de Nenê, e chutou muito perto do gol de Sidão.
SUBSTITUIÇÕES SURTEM EFEITO
A exemplo da partida de quarta na Vila Belmiro, Zé Ricardo não economizou na vontade de levar o time à frente ao decidir suas substituições. Além da entrada de Evander, o treinador trocou Yago Pikachu, lateral-direito que atuava quase como um ponta, pelo atacante Caio Monteiro, naturalmente mais ofensivo. Antes dos 30 do segundo tempo, ousou ainda mais: sacou Jean, seu único volante de origem, para botar o meia Wagner.
O ímpeto vascaíno deu resultado. Caio Monteiro, que já vira uma finalização quase na pequena área ser defendida por Sidão, foi oportunista aos 30: aproveitou a sobra de um chute de Andrés Rios e, cara a cara com o goleiro são-paulino, desta vez conseguiu encontrar o fundo da rede.
Se o momento já parecia favorável para o Vasco, as circunstâncias levaram o time ainda mais ao ataque nos dez minutos finais. Aos 38, o São Paulo ficou com um a menos: Militão levou cartão vermelho direto por uma entrada estabanada e imprudente no lateral-esquerdo Henrique. Era pela direita, porém, que o Vasco dava mais trabalho aos paulistas. Madson, que começou a jogada do gol de empate, se soltou de vez nos minutos finais: aos 41, assustou Sidão com um chute forte. Aos 45, cruzou na cabeça de Paulinho, que acertou o lado de fora da rede. Apesar da pressão, a virada não veio desta vez. Mas time e torcida saem com a nítida — e justa — sensação de estarem de parabéns.