Sem ameaça de oposição, Maduro deve consolidar poder em eleições municipais na Venezuela neste domingo
Nicolás Maduro deve sair neste domingo (10) como o grande vitorioso de uma eleição na Venezuela pela terceira vez neste ano. Após ver seu partido compor integralmente a Assembleia Constituinte em julho e conquistar o governo da maioria dos estados do país em outubro, ele tem tudo para consolidar seu poder na votação que irá agora eleger os prefeitos de 355 municípios.
A oposição, desmotivada e enfraquecida após violentos conflitos onde mais de 130 pessoas morreram e pelos resultados de outubro, acusa os órgãos eleitorais de atuarem a favor do governo e decidiu não participar de forma ativa das eleições municipais. Os principais partidos da coligação Mesa União Democrática (MUD) não apresentaram candidatos.
Apenas outras organizações e dirigentes opositores competem por conta própria e a previsão é de que o partido governista, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que atualmente controla 242 municípios, saia da votação com este número ampliado.
Isso, segundo analistas, fortalece amplamente os planos de Maduro para uma reeleição em 2018, apesar de sua baixa taxa de aprovação, atualmente em 20%. De acordo com o vice-presidente do país, Tareck El Aissami, a candidatura de Maduro nas próximas eleições presidenciais está confirmada.
“A ausência dos principais partidos e a pressão da máquina chavista inviabilizam que a oposição possa manter sequer a metade das prefeituras que controla”, disse à AFP Eugenio Martínez, especialista eleitoral.
Ao contrário, o governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) “melhorará suas cotas de poder”, acrescenta.
“É loucura não participar”, disse o analista político Dimitris Pantoulas à Reuters. “O governo muito provavelmente terá um dos melhores resultados de sua história… Maduro ficará muito forte depois desta eleição. O momento político é dele”.
Divisões na oposição
A derrota opositora nas eleições de governadores – com alta abstenção de seus partidários- acentuou as divisões na MUD.
Dirigentes como Capriles deixaram a coalizão quando quatro governadores eleitos pelo partido de Ramos Allup se juramentaram ante a Assembleia Constituinte chavista que rege com poderes absolutos.
Essa instância, que a MUD e vários governos não reconhecem, exigia aos ganhadores subordinar-se à sua autoridade, requisito que também terão prefeitos.
Por se negar, a eleição de um candidato oposicionista foi anulada.
GLOBO