Casos de assédio contra mulher aumentam no período de Carnaval
As mulheres são consideradas um dos públicos mais vulneráveis nas festas carnavalescas. Isto porque podem sofrer uma série de constrangimentos e muitas vezes não denunciam por considerar que práticas como puxões de cabelo e beijos forçados são comuns nesta época do ano. Algumas sofrem violência e não procuram a delegacia por medo ou vergonha.
“Infelizmente tem mulheres que passam por essa situação, mas por vergonha ou medo terminam não denunciando na delegacia”, lamentou a subcoordenadora das Delegacias da Mulher da Paraíba, Renata Matias, em entrevista ao Portal MaisPB. Ela acrescenta que os casos ocorrem, porém os fatos não são formalizados nem chegam ao conhecimento da Polícia.
Em vários estados brasileiros, inclusive na Paraíba, foi criado o alerta “Não é não”. A coordenadora das Delegacias da Mulher, Maísa Felix, explica que a iniciativa tem o objetivo de conscientizar que o “não” da mulher deve ser respeitado. Ou seja, a partir do momento que ela se negar a fazer algo, a outra parte deve aceitar e deixá-la livre, sem forçar nenhuma aproximação.
“Nesse período de folia tem pessoas que acham que tudo pode, que tudo é permitido e a gente bate nessa tecla que não é bem assim. O ‘não’ e o corpo da mulher têm que ser respeitados. Se ela não quer, a decisão dela tem que ser entendida. Isso tem que ficar claro”, acrescenta a coordenadora.
A campanha é composta de atividades de divulgação organizadas pela Secretaria da Mulher entre os blocos carnavalescos para ensinar como as mulheres podem procurar ajuda em caso de violência no Carnaval. As informações são dadas através das redes sociais, como o Facebook.
As postagens são voltadas a toda a população, não apenas aos homens, porque quem estiver por perto na folia e enxergar o perigo pode alertar as autoridades e até compartilhar a informação na internet ou conversando entre amigos. Significa um movimento de alerta sobre quais práticas são realmente violentas.
No entanto, a secretária das Políticas públicas para as mulheres da Paraíba, Gilberta Soares acrescenta que apesar das conscientizações e do aumento do numero de delegacias especializadas ainda é percebido que os crimes persistem. A secretária afirmou que apesar das dificuldades, as pessoas tem aumentado a atenção contra as agressões.
“Um grande trabalho tem sido feito para acabar com essa cultura de que determinadas práticas são naturais no carnaval. Existe uma naturalização da violência contra a mulher e de praticas, como beijo roubado, passar a mão e o puxão de cabelo”, esclareceu.
Ao constatar os comportamentos inoportunos durante a folia, a vítima pode procurar a Polícia Militar, presente em todos os blocos, para encaminhá-la ao registro do boletim de ocorrência e fazer os procedimentos cabíveis.
Sobre as formas de prevenção, Maísa Felix comenta que nem todas as situações são possíveis de serem evitadas. Porém, tentar andar acompanhada em determinados locais e nunca deixar de acionar a Polícia quando estiver em perigo são atitudes importantes. Se a viatura estiver no local, fica mais fácil localizar, identificar e deter o agressor.
“A recomendação é denunciar. As mulheres não podem se calar diante dessa prática. Elas devem falar e procurar ajuda. Tem que compreender que isso é violência, que não é natural que práticas violentas ocorram no carnaval. Denunciem ou então procurem a ajuda de pessoas próximas a ela na festa” concluiu a secretária.
Juliana Cavalcanti – MaisPB