EUA, Canadá, Austrália e 20 países da Europa expulsam diplomatas russos
Governos de 23 países, entre eles os EUA e diversos europeus, anunciaram nesta segunda-feira (26) a expulsão de diplomatas russos em retaliação ao envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal no Reino Unido no início do mês.
A decisão enuncia uma das piores crises diplomáticas de Moscou com potências ocidentais neste século.
O presidente Donald Trump afirmou que vai expulsar 60 diplomatas que Washington considera espiões, o maior contingente russo a sofrer a sanção nos EUA desde 2001.
Também decidiu fechar o consulado russo em Seattle, no estado de Washington (noroeste), que abriga bases militares e fábricas da Boeing, principal fabricante americana de aviões civis e militares e de armas como mísseis.
Entre os expulsos estão 48 da embaixada na capital americana e 12 que atuam na ONU —que, tecnicamente, não é território americano, embora fique em Nova York e os diplomatas vivam ali.
A União Europeia confirmou que 16 países haviam decidido expulsar diplomatas russos e que medidas adicionais não estão descartadas.
A medida marca uma escalada incomum nos atritos entre Moscou e os governos europeus, normalmente comedidos diante da pressão que os russos exercem por deter parcela crucial do fornecimento de gás ao continente —40% do combustível consumido ali vêm da estatal russa Gazprom.
Reagiram ainda o Canadá, a Austrália, a Macedônia, a Noruega, a Albânia e a Ucrânia, cuja relação com a Rússia está desgastada desde a anexação da Crimeia, em 2014, e que expulsou 13 diplomatas.
As ações atendem a um pedido da primeira-ministra britânica, Theresa May, na semana passada, para que outros países se unissem à decisão de Londres de expulsar 23 diplomatas que alega serem espiões disfarçados.
O Reino Unido culpa a Rússia pelo envenenamento de Skripal e sua filha, Iulia, em Salisbury, na Inglaterra, com o agente neurotóxico Novitchok, de produção russa. Ambos estão internados e terão sequelas permanentes.
“O ataque contra nosso aliado, o Reino Unido, põe muitas vidas inocentes em risco e resultou em danos sérios a três pessoas, entre elas um policial”, disse nota do Departamento de Estado americano.
ESCALADA
O presidente russo, Vladimir Putin, chamou a acusação de ridícula. O Kremlin afirma que as expulsões são um erro e que Putin decidirá como reagir, com base no princípio da reciprocidade —no caso britânico, os russos já haviam expulsado diplomatas.
Em nota nesta segunda, o Ministério das Relações Exteriores russo qualificou a ação conjunta como provocativa e disse que ela inflará tensões.
O embaixador russo nos EUA afirmou que Trump está “destruindo o pouco que sobrou” da relação bilateral. A embaixada indagava em enquete online qual consulado americano deveria fechar.
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