O escritor Francês Alexandre Dumas, em sua obra mais famosa, Os três mosqueteiros, conta a aventura de quatro grandes heróis: Athos, Porthos, Aramis e D’artagnan. A história é ambientada na França do século XVII, onde florescia o esplendor da corte, o sensacionalismo das intrigas políticas e o poderio econômico e cultural de uma época brilhante. No romance, os quatro trabalhavam a serviço do rei da França, Luís XIII – e, principalmente, da rainha, Ana de Áustria.Eles colocam a França de pernas para o ar, envolvendo-se em uma luta contra a personalidade mais poderosa da época, o primeiro-ministro, Cardeal Richelieu, e sua fiel escudeira, a pérfida, bela e maligna Milady de Winter, a vilã-protótipo de todas as femmes fatales que se seguiram. As batalhas foram árduas, mas os heróis conseguiram o seu objetivo.
Voltando ao século XXI, convém lembrar que a profissão de advogado é uma das poucas citadas na Constituição da República Federativa do Brasil, inclusive com a “patente” de ser essencial para o funcionamento da Justiça. Porém, mesmo diante dessa essencialidade toda, não é incomum o advogado ser tolhido em suas prerrogativas nos fóruns e nas repartições públicas, onde exercem seu dever. Mal comparando, é como se, vez ou outra, aparecesse um Cardeal Richelieu ou uma Milady de Winter, usando o autoritarismo para atrapalhar o patrono e, por conseguinte, o seu cliente, na busca por um direito que lhes cabe.
Diante do quadro, torna-se imprescindível a representação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em todas as regiões possíveis – o que, infelizmente, ainda não é a realidade que dispomos.
Desde que ingressei na Ordem, há 20 anos, encontrei advogados que já ansiavam pela instalação de uma subseção da OAB-PB na região do Cariri, como Inácio Maracajá, Norma Nunes, Zé Neves e Antônio Ventura, entre outros. Desde esse tempo, em cada eleição que ocorria na Ordem, éramos sempre levados pelo “canto da sereia”: a promessa da instalação da Subseção do Cariri. Inúmeras vezes, os candidatos contratavam vans para nos transportar até Campina Grande para votarmos e, lá, iludiam-nos com uma recepção de gala. Porém, apurados os votos e empossados os eleitos, a promessa era devidamente engavetada.
Mas, como Deus tarda, mas não falha, os ventos começaram a soprar a nosso favor quando o atual presidente, Paulo Maia, foi eleito. Como um passe de mágica, surgiram no Cariri as advogadas Taua, Enedina, Edilaine – que, com força de vontade e habilidade de fazer inveja a Porthos, Athos, e Aramis, foram vencendo batalhas e capitanearam a instalação da sonhada subseção da OAB Cariri, que hoje é uma realidade (inclusive com a eleição merecidissima da advogada Taua Domiciano, que se tornou a primeira mulher a presidir uma subseção da OAB na história, feito que merece registro).
Destaco que, para a nossa história não ficar diferente da narrada por Alexandre Dumas, a advogada Lorena Caiaffo, incorporando D’Artagnan, juntou-se às colegas na luta, provando que, tanto lá, como cá, nossas três mosqueteiras eram, na verdade, quatro.
Pra não dizer que só falei das mulheres, ressalte-se que os homens advogados do Cariri também deram a sua contribuição, com um pitaco ali, outro acolá, e fazendo número nas reuniões.
Voltando a falar sério, registro que todos os advogados e advogadas do Cariri, inclusive os que aqui não foram citados, de uma forma ou de outra deram a sua contribuição. Contudo, tenho a absoluta convicção de que, se não fosse à boa vontade do presidente Paulo Maia e a disposição e luta das mosqueteiras aqui citadas, nosso sonho não teria sido realizado.