O PSL (Partido Social Liberal) lançou neste domingo (22), em convenção no Rio de Janeiro, a candidatura do deputado federal e capitão da reserva Jair Bolsonaro à Presidência da República, mas ainda não definiu quem ocupará a cadeira de vice na chapa.
Em seu discurso após ser oficializado candidato, Bolsonaro disse que é o “patinho feio” das eleições.
“Eu sou o patinho feio nessa história, mas que tenho certeza: seremos bonitos brevemente”, declarou.
Segundo ele, “o que está em jogo nesse momento que se aproxima é o destino dessa grande nação chamada Brasil”. Ele também diz que vem causando “desconforto naquilo que chamam de establishment”, disse.
O discurso foi recheado de críticas à imprensa, ao PT e aos adversários, como o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). “Quero agradecer Geraldo Alckmin por ter juntado a nata do que há de pior no Brasil ao seu lado”, disse, sobre as alianças do tucano com o “centrão”.
Bolsonaro foi recebido com festa no salão principal do Centro de Convenções Sul-América, na região central do Rio. O candidato do PSL compôs a mesa junto aos três nomes que já foram cotados para vice em sua chapa: Janaina Paschoal (PSL), Magno Malta (PR) e general Heleno (PRP). A convenção começou com a execução do hino nacional, momento em que Bolsonaro chorou.
Bolsonaro afirmou que foi “montando seu exército” ao longo do tempo, com as viagens pelo Brasil, e que a “caçula da turma” é a advogada Janaina Paschoal, cotada para vice. Ele ressaltou que Janaina “não tem nenhuma idolatria ou seja lá o que for no tocante” ao seu nome. “O compromisso dela é com o Brasil”, declarou.
O pré-candidato também mencionou a presença do ator Alexandre Frota, que protagonizou filmes pornô, entre os apoiadores presentes na convenção. “Me perguntam: ‘Pô, mas esse cara?’. ‘Esse cara, sim!’. Quantas coisas que fizemos no passado e hoje não faríamos. Nós evoluímos e mudamos algumas coisas.”
Aliados de Bolsonaro criticam imprensa
O discurso de abertura foi feito pelo presidente nacional do PSL em exercício, Gustavo Bebbiano, um dos homens de confiança de Bolsonaro. “Para mim, esse homem hoje é um herói nacional. Poucas pessoas, inclusive a imprensa, conhecem o coração de Jair Bolsonaro e a sua capacidade de enfrentar desafios. A sua resiliência”, disse.
“Posso dizer que eu sou, de forma hétero, um homem apaixonado pelo Jair Bolsonaro”, completou.
Em seu discurso, o senador Magno Malta observou que Janaina se sentou ao lado de Jair Bolsonaro e afirmou que “fazia muito gosto de onde ela estava”.
Magno disse ainda que “vai cruzar o Brasil” com o “amigo” Bolsonaro e que espera que o jogo “seja definido ainda no primeiro turno” –em referência a uma possível definição do pleito no primeiro turno. “O que eu puder agregar, agregarei.”
Também declarou que “nunca abandonou” o presidenciável do PSL, culpando a imprensa e negando informações de que havia rompido com Bolsonaro. “Comungamos das mesmas ideias e dos mesmos entendimentos. O que o Brasil quer é o que eu quero: um homem de mãos limpas. E você tem mãos limpas.”
O general Augusto Heleno também atacou a imprensa em sua fala, e negou que tenha recusado convite para ser o vice na chapa de Bolsonaro. “Parte da imprensa, além de ser especialista em fake news, especializou-se em lixo news”, declarou.
“Fabricaram uma história que eu havia recusado ser o vice-presidente na chapa do Bolsonaro. Isso é uma calúnia. Jamais disse isso. Desde o primeiro momento, eu disse que não havia uma decisão. Eu encarava aquilo como uma missão a ser cumprida. E eu nunca fugi de missão”, completou.
Em cenários sem Lula, Bolsonaro lidera pesquisas
Apesar de largar na frente nas pesquisas, o presidenciável enfrentará o desafio de conseguir, sem partidos aliados e com um minúsculo tempo de propaganda eleitoral na TV, superar a polarização entre PSDB e PT que vem desde 1995. Bolsonaro trocou, em março deste ano, o PSC pelo PSL, legenda que hoje conta, além dele, com apenas outros sete deputados federais, entre eles o seu filho, Eduardo Bolsonaro (SP).
Além dos nomes cotados para vice de Bolsonaro, participaram da mesa o deputado federal Major Olímpio (PSL-SP), o presidente nacional licenciado do PSL, Luciano Bivar, os três filhos de pré-candidato (Carlos Bolsonaro, vereador no Rio; Flávio Bolsonaro, deputado estadual no RJ; e Eduardo Bolsonaro, parlamentar da bancada paulista na Câmara).
Os organizadores da convenção estimavam que cerca de 2.500 pessoas estariam presentes na convenção. A direção do PSL ainda não confirmou se o número foi alcançado.