Ex-diretores da CIA emitem condenação sem precedentes contra Trump
Ex-diretores da CIA e outros seis ex-chefes dos espiões mais importantes dos Estados Unidos emitiram uma condenação sem precedentes contra o presidente Donald Trump, depois de sua decisão de colocar seu colega John Brennan na lista negra.
Em uma declaração, os ex-chefes da agência de Inteligência CIA nomeados por presidentes republicanos e democratas, incluindo Robert Gates, George Tenet, Porter Goss, Leon Panetta e David Petraeus, denunciaram a decisão de Trump de retirar de Brennan a sua autorização de acesso a informação confidencial.
“A ação do presidente com relação a John Brennan e às ameaças de atos similares contra outros ex-funcionários não têm nada a ver com quem deve ou não deve ter autorização de segurança, e tudo tem a ver com uma tentativa de reprimir a liberdade de expressão”, assinalou o comunicado.
Ao descrever a decisão de Trump como “inapropriada e profundamente lamentável”, insistiram que “nunca antes havíamos visto a aprovação ou a eliminação de autorizações de segurança utilizadas como ferramenta político, como foi feito neste caso”.
Esta semana Trump resolveu retirar do ex-diretor da CIA John Brennan – firme crítico do presidente – a autorização de acesso a informação sigilosa. Esse benefício agora revogado é historicamente outorgado a funcionários de alto escalão para ter acesso a informação delicada e confidencial, inclusive depois de deixarem o cargo.
Na quinta-feira, em uma coluna publicada no New York Times, Brennan – que até janeiro de 2017 era o guardião dos segredos americanos – disse que Trump “está desesperado para proteger a si mesmo e aos outros próximos a ele” dentro da estrutura da investigação oficial sobre os vínculos de sua equipe de campanha com a Rússia.
O procurador especial Robert Mueller está investigando a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 e um possível conluio entre Moscou e a equipe de campanha de Trump, um tema que é persistentemente discutido no ambiente político e midiático dos Estados Unidos.
Trump admitiu em entrevista ao Wall Street Journal que a sua decisão se deve à postura crítica de Brennan e seus comentários sobre as ligações de sua equipe de campanha eleitoral com a Rússia.