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Chegada de ajuda gera medo de conflito na fronteira entre Colômbia e Venezuela

15494810535c5b345dc3940_1549481053_3x2_md-520x315 Chegada de ajuda gera medo de conflito na fronteira entre Colômbia e VenezuelaNa cidade de San António del Táchira, na Venezuela, que faz fronteira com Cúcuta, na Colômbia, surgiu um “toque de recolher” espontâneo, às 20h; a população vem sendo alertada por pessoas não identificadas, que circulam pelas ruas locais em motocicletas, sobre possíveis confrontos.

“Aqui, há muitas noites as pessoas não dormem bem. A incerteza quanto ao que pode acontecer na passagem da ponte internacional nos deixa insones. As crianças não estão indo à escola e tomamos algumas precauções, como comprar comida suficiente, caso aconteça alguma coisa”, disse Bella Hernández, moradora da cidade.

A visita do chamado “protetor do Táchira”, Freddy Bernal, à região aumentou a preocupação dos cidadãos, que dizem que “a cada vez que esse senhor aparece aqui, algo de terrível acontece. Grupos começam a circular e amedrontar as pessoas. Tivemos até tiroteios na ponte [Simón Bolívar] durante a noite”, comentou Carol Gutiérrez, que mora perto de San Antonio.

A passagem de comboios de veículos da Guarda Nacional (GN), carregados de soldados, pelas ruas das cidades de fronteira vem se repetindo a cada noite. O mesmo vale para a passagem de veículos blindados pelas avenidas contíguas ao posto de fronteira.

Contingentes militares, uma barreira de arame e uma carreta de combustível bloqueiam o acesso à ponte internacional de “Tienditas”, na Venezuela, lugar pelo qual está previsto que passe a primeira carga de assistência humanitária que chegará ao país.

Na cidade de fronteira, o comércio está em geral fechado, enquanto a economia informal na avenida Venezuela, o corredor viário que conduz à ponte internacional Simón Bolívar, é a única atividade que continua. As comunicações, seja por telefonia fixa ou móvel, não estão funcionando, e nem o acesso à internet.

O fluxo de pessoas pela ponte Simón Bolívar aumentou nos últimos dias. Em uma visita da TalCual à fronteira, as pessoas que se deslocam da Venezuela para a Colômbia pela ponte eram visíveis; elas chegam ao país vizinho e fazem compras, principalmente de alimentos.

Carregando sacos às costas ou empurrando carrinhos, pode-se ver centenas de pessoas voltando à Venezuela e, ao serem abordadas, sua declaração mais frequente é a de que “precisamos guardar comida, vai acontecer alguma coisa por aqui”.

Há até um comércio informal de remédios nas imediações da ponte Simón Bolívar, diante da necessidade de remédios que existe na Venezuela, e da falta de alternativa a adquiri-los no país vizinho.

“Vim comprar provisões normais, porque não se sabe quando pode haver um conflito aqui… e alguma coisa precisa acontecer, porque nós venezuelanos não aguentamos mais essa situação tão crítica. Não temos dinheiro suficiente para viver, e é mais barato fazer compras em Cúcuta do que em San Cristóbal”, disse uma dessas pessoas.

Os moradores da cidade colombiana de Cúcuta temem um possível conflito bélico entre os dois países e disseram estar dispostos a deixar a região, para longe da fronteira, a fim de proteger suas vidas e as de seus familiares.

“[O ditador Nicolás] Maduro não vai permitir a passagem da assistência, tenho certeza disso, porque é muito teimoso, não dará o braço a torcer e preferirá que morra mais gente. Vou para Bucaramanga com minha família, no final de semana, e voltarei se estiver tudo bem, porque não quero expor meus filhos a qualquer perigo”, disse o taxista Arturo Gálvez, de Cúcuta.

Em 5 de fevereiro, um grupo de representantes dos países que administram a assistência humanitária à Venezuela fez uma visita surpresa à ponte internacional Francisco de Paula Santander, que une a cidade venezuelana de Ureña a Boconó, no departamento colombiano do Norte de Santander.

A comitiva, formada por cinco estrangeiros, estava acompanhada de policiais e agentes de imigração colombianos.

Durante a caminhada, que não passou de 15 minutos, os pontos de acesso à fronteira foram examinados, assim como a documentação necessária para entrar na Venezuela vindo da Colômbia.

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