Por Heron Cid
Passando em revista a todos os presidentes pós-redemocratização, o brasileiro constata uma triste realidade: quase todos eles frequentaram o purgatório e saíram ou ficaram melados depois dos mandatos.
Lula da Silva e Michel Temer estão presos. Fernando Collor de Melo e Dilma Roussef não concluíram os mandatos e foram impichados.
José Sarney cumpriu o rito de transição. Não precisa nem dizer com que tamanho e popularidade saiu do Planalto.
Itamar Franco, presidente tampão, pelo menos legou o Real, até hoje a moeda que nos trouxe estabilidade. Não foi um presidente emblemático. É mais lembrado pela calcinha de Líliam Ramos do que pelo feito econômico.
Curiosamente, o tucano Fernando Henrique Cardoso é a excessão da regra. Nem morreu, nem está preso e nem fora cassado.
Mas mesmo sendo o patrono do Real amarga até hoje uma condenação interna, tanto quanto pior os demais: nas campanhas, de lá pra cá é quase escondido pelo próprio partido, o PSDB. Vergonha?
A observação desse fenômeno verde e amarelo é do jornalista Clóvis Rossi, na Folha de São Paulo.
Apesar de óbvia pelos episódios, não pode ser banalizada ou normalizada. No mínimo, exige de nós uma tentativa de entender este mal que nos abate.
Votamos mal? Temos uma sanha pela desestabilização? Somos acometido do apego à adrenalina de sempre viver no abismo? Nossos homens públicos são realmente frágeis em padrão ético? Jovem, nossa democracia ainda engatinha?
Ou, simplesmente, é tudo isso junto e misturado. Somos uma democracia de 30 anos. E no geral da vida humana, essa ainda não é a idade de maturidade. Talvez explique.
O que angustia mais é outra pergunta: quanto tempo levaremos ainda para chegar lá?