Brasil

Cloroquina: governo Bolsonaro libera uso e muda protocolo horas após demissão de Teich

cloroquina-coronavirus Cloroquina: governo Bolsonaro libera uso e muda protocolo horas após demissão de Teich

Um protocolo atualizado para o uso do medicamento cloroquina no tratamento da Covid-19 está sendo preparado pelo Ministério da Saúde, conforme nota divulgada na noite desta sexta-feira (15).

De acordo com a pasta, o novo conjunto de regras vai ampliar as indicações para uso do medicamento incluindo para casos leves. A decisão será tomada mesmo mesmo com estudos recentes apontando que a droga utilizada contra a malária não é eficaz contra o coronavírus Sars-Cov-2, que possui efeitos colaterais e pode estar associada a aumento de mortes entre os pacientes de Covid-19 (leia mais abaixo).

Médicos, os dois ex-ministros da Saúde da gestão Bolsonaro eram contra a ampliação do protocolo. O ex-ministro Nelson Teich, exonerado nesta sexta-feira, lembrou que o medicamento tem efeitos colaterais e o ex-ministro Nelson Mandetta chegou a dizer que o uso de cloroquina em casos leves podia levar ao aumento de hospitalizações por causa de problemas cardíacos.

“O Ministério da Saúde está finalizando novas orientações de assistência aos pacientes com Covid-19. O objetivo é iniciar o tratamento antes do seu agravamento e necessidade de utilização de UTI (Unidades de Terapia Intensiva). Assim, o documento abrangerá o atendimento aos casos leves, sendo descritas as propostas de disponibilidade de medicamentos, equipamentos e estruturas, e profissionais capacitados. As orientações buscam dar suporte aos profissionais de saúde do SUS (Sistema Único de Saúdel) e acesso aos usuários mais vulneráveis às melhores práticas que estão sendo aplicadas no Brasil e no mundo.” – Ministério da Saúde

Protocolo anterior

De acordo com o próprio Ministério da Saúde, antes do novo documento, o protocolo válido era o publicado em 1º de abril de 2020.

O documento relatava que distúrbios vasculares e retinopatia estavam entre os efeitos colaterais. Também afirmavam que era “estreita” a janela terapêutica (margem entre a dose terapêutica e dose tóxica). “O seu uso deve, portanto, estar sujeito a regras estritas, e automedicação é contra-indicada.”

Mesmo com ressalvas, o protocolo previa o uso em duas situações: “pacientes hospitalizados com formas graves da COVID-19” e em “Casos críticos da Covid-19”. A dosagem indicada mudava em cada condição, mas o tratamento indicado permanecia limitado ao máximo de cinco dias.

O protocolo também fazia recomendação de que deveria ser mantido o monitoramento do funcionamento do coração por meio de eletrocardiograma.

Estudos recentes não mostram eficácia

No início de abril, a Organização Mundial da Saúde chegou a contabilizar que eram feitos estudos em 74 países para tentar entender como funcionava a hidroxicloroquina contra o Sars CoV-2. Resultados mais robustos começaram a sair nas últimas duas semanas.

Três estudos tiveram destaque e mostraram a ineficácia da substância no tratamento da Covid-19. O primeiro deles foi publicado na revista britânica “The New England Journal of Medicine” e investigou a efetividade do tratamento em pacientes hospitalizados em um hospital de Nova York. De acordo com os autores, não foram encontradas evidências de que a droga tenha reduzido o risco de entubação ou de morte. Participaram 1.446 pessoas.

Outra pesquisa, também feita em Nova York, mostrou mais evidências de que a hidroxicloroquina pode não ser eficaz contra a Covid-19. O estudo avaliou o uso da substância em 25 hospitais da região metropolitana da cidade. Desta vez, foram analisados os dados de 1.438 pacientes com a doença – e os que receberam o medicamento tiveram uma taxa de mortalidade maior.

Por último, divulgado nesta quinta-feira (14) na revista “The BMJ”, cientistas mostraram uma ineficácia no tratamento da Covid-19 também em pacientes leves a moderados. O total de participantes (150) foi dividido em dois grupos: 75 receberam a hidroxicloroquina, 75 não receberam. O eficiência contra o Sars Cov-2 foi a mesma, sendo que 10% dos pacientes que receberam o remédio apresentaram diarreia e dois desenvolveram efeitos colaterais graves.

Do G1.

Etiquetas

O Pipoco

Jornalismo sério com credibilidade. A Verdade nunca anda sozinha. Apresentaremos fatos num jornalismo investigativo e independente. Com o único compromisso de mostrar para Você, Cidadão, o que acontece nos bastidores da Política; da Administração e Outros.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Fechar