Dólar tem maior queda em 2 semanas e fecha a R$ 5,15 com otimismo no exterior
O dólar fechou em forte queda contra o real nesta terça-feira (23), na esteira do clima otimista no exterior por conta de sinais de recuperação da atividade e do alívio nas relações entre Estados Unidos e China. No Brasil, os investidores reagem à ata do Comitê de Política Monetária, divulgada nesta manhã.
A moeda norte-america encerrou o dia em baixa de 2,26%, a R$ 5,1531 na venda. É a maior queda percentual diária desde 8 de junho (-2,66%) e o menor patamar desde 15 de junho (R$ 5,1421).
Durante a sessão, a cotação oscilou entre baixas de 2,60%, a R$ 5,1350, e de 0,84%, para R$ 5,2279. Na B3, o dólar futuro recuava 1,92%, a R$ 5,1535, às 17h02.
Segundo Flávio Serrano, economista-chefe do banco Haitong, o movimento desta terça-feira reflete uma mudança em relação à aversão a risco vista no dia anterior, quando os investidores saíram de ativos de maior volatilidade, como ações e algumas moedas emergentes.
“Hoje há uma redução desse movimento, é um dia melhor. Os dados de atividade da Europa vieram bons, mais fortes do que se esperava, e as economias seguem reabrindo”, afirmou.
A pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI) divulgada nesta terça-feira mostrou que a contração histórica da economia da zona do euro diminuiu de novo este mês já que várias empresas que haviam sido forçadas a fechar as portas para conter a disseminação do coronavírus reabriram.
Também colaborando para o sentimento, o assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, voltou atrás em suas declarações de que o pacto comercial entre EUA e China estaria “acabado”, dizendo que seus comentários foram tirados do contexto, enquanto o presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou no Twitter que o acordo está “totalmente intacto”.
Menor espaço para corte dos juros
Já no Brasil, a atenção dos investidores estave voltada à ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em que o Banco Central avaliou que a atividade econômica brasileira atingiu o fundo do poço em abril e disse que o país já estaria próximo do limite efetivo mínimo para a taxa básica de juros, a partir do qual novos cortes seriam contraproducentes.
A redução da Selic a mínimas históricas é apontada por analistas como fator de impulso para o dólar, uma vez que torna rendimentos locais atrelados aos juros básicos menos atraentes. Outros aspectos que favorecem a busca por segurança são as incertezas políticas e econômicas no Brasil, que podem ser ainda mais agravadas caso haja uma segunda onda global de infecções por Covid-19.
A Selic foi reduzida na semana passada a nova mínima recorde de 2,25% ao ano, e alguns no mercado veem a taxa de juros ao fim de 2020 em até 1,5% ao ano. Ainda assim, o Goldman Sachs acredita que um corte adicional da Selic em agosto é provável, sem prejudicar em demasia o câmbio.
Para Alberto Ramos, diretor de pesquisas econômicas para a América Latina do banco privado, previsões de inflação para 2021 “muito confortáveis” e núcleos de inflação rodando abaixo de níveis compatíveis com cumprimento da meta sugerem que novo corte é mais provável do que não, “barrando mais elevações no prêmio de risco fiscal e/ou uma performance significativamente mais fraca para o real”, disse em nota.
Na última sessão, o dólar caiu 0,86%, a R$ 5,2722 na venda.