Protesto na França contra violência policial tem confrontos
Após o caso de racismo em que um homem negro, produtor musical, foi brutalmente espancado por três agentes da polícia, pessoas ocuparam as ruas de Paris para realizar um protesto antirracista e contra a violência policial. A cena da agressão contra a vítima, Michel Zecler, circulou pelo mundo todo. O protesto acontece próximo à praça da Bastilha, neste sábado (28), e reúne manifestantes, fotógrafos e a imprensa francesa.
Manifestantes e policiais entraram em confronto. Pessoas atearam fogo, criaram barricadas e diversos veículos foram incendiados enquanto polícias jogavam bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.
Algumas das milhares de pessoas que estão na marcha seguram cartazes e faixas. Um deles, diz: “Se não podemos filmar ou fotografar, quem vai nos proteger das violências policiais”.
A frase tem relação com a Lei de Segurança Global, aprovada recentemente na França. A norma prevê uma multa de 45 mil euros a quem filmar policiais durante o exercício de seu trabalho. O presidente Emmanuel Macron afirmou que vai reavaliar o projeto antes de seguir para o Senado. Essa mudança de curso do governo, responsável por elaborar a proposta inicial, acontece depois da divulgação da ação de agressão.
Uma deputada do partido de Macron (A República em Marcha), coautora do projeto de lei, disse que o projeto não vai comprometer de forma alguma o direito dos jornalistas – e dos cidadãos comuns – de informar o público. Ela ressaltou que o artigo 24, que está causando polêmica, proíbe quaisquer apelos por violência ou represálias contra policiais nas mídias sociais.
No entanto, para os manifestantes, entre eles jornalistas, há o temor que isso acabe prejudicando a liberdade de imprensa.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, do partido de oposição, postou fotos de integrantes participando dos protestos, demonstrando seu apoio.
No começo da semana, segunda-feira (23), a polícia francesa desmantelou um campo de refugiados em Paris e houve cenas de agressão contra as pessoas.
Os protestos estão acontecendo, também, em outras cidades francesas. E, apesar da França estar em lockdown, enquanto a lei estiver em discussão, a tendência é que as pessoas continuem nas ruas.
Em junho, milhares de pessoas também ocuparam a rua de Paris contra o assassinato de George Floyd nos Estados Unidos.