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Por margem apertada, Senado dos EUA mantém processo de impeachment de Trump

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Em uma votação apertada (55-45), o Senado americano bloqueou nesta terça-feira (26) uma tentativa de considerar inconstitucional o processo de impeachment do ex-presidente Donald Trump, previsto para começar no dia 9.

Apenas cinco republicanos foram contra a objeção apresentada pelo senador Rand Paul, do Kentucky, que defendeu o fim do processo, alegando que o “impeachment é para a remoção do cargo, e o acusado aqui já deixou o cargo”.

O placar sinaliza que a tendência neste momento é que ele seja absolvido da acusação de incitar uma insurreição que culminou na invasão do Capitólio em dia 6 de janeiro — são necessários 67 votos (dois terços dos 100 senadores) para aprovar o impeachment.

Votaram pelo prosseguimento do julgamento os republicanos Lisa Murkowski, do Alasca — a primeira do partido a se posicionar a favor da renúncia de Trump enquanto ele ainda estava no cargo —, Susan Collins, do Maine, Mitt Romney, de Utah, Ben Sasse, do Nebraska, e Patrick Toomey, da Pensilvânia, que também foi a favor da renúncia.

O peso político de Trump para o futuro do partido, porém, não está claro. Ele teve 74 milhões de votos na eleição de novembro, um recorde para um candidato republicano, e mostrou ser capaz de convencer milhares de pessoas a seguir lutando por ele, mesmo após a derrota.

No entanto, o ex-presidente perdeu uma de suas principais armas políticas, seu perfil no Twitter, pelo qual mandava diversas mensagens por dia a milhões de seguidores, gerava polêmicas e atraía atenção.

Os senadores podem, até o início do julgamento, mudar de opinião, mas a votação desta terça indica que o ex-mandatário deve ser inocentado na Casa pela segunda vez -em fevereiro de 2020, Trump foi absolvido por um Senado de maioria republicana em seu primeiro processo.

Nos últimos dias, integrantes do Partido Republicano vinham dando sinais de que poderiam votar pelo impedimento do ex-presidente. No domingo (24), Romney havia dito que pretende votar a favor do impeachment. “O que vimos, um estímulo à insurreição, é uma ofensa de impeachment. Se não é, o que seria?”, afirmou Romney, na CNN.

Ele é um crítico de Trump de longa data e foi o único senador republicano a votar contra o então presidente no primeiro processo de impeachment, no início do ano passado.

Do outro lado, outros republicanos leais a Trump defenderam que seguir com o processo não faz sentido, porque o réu já deixou o cargo, e que puni-lo ampliaria as tensões na sociedade americana. Marco Rubio, senador pela Flórida, comparou o processo a “jogar gasolina no fogo” e disse, na Fox News, que a iniciativa é estúpida e contraproducente.

Rubio comparou o caso de Trump com o de Richard Nixon, presidente que renunciou em meio a um processo de impeachment, em 1974, e foi perdoado em seguida pelo sucessor, Gerald Ford, que era seu vice.

“Acho que todos concordariam que o perdão do presidente Ford foi importante para o país ser capaz de seguir em frente, e a história considerou Nixon como responsável por seus atos”, afirmou.

O senador Tom Cotton, do Arkansas, defendeu, na NBC, que seguir o processo de impeachment contra um ex-presidente está fora das atribuições do Congresso. No entanto, a Constituição não estabelece prazos para a realização do julgamento, o que abre espaço para que ele ocorra após a saída do presidente do cargo.

Até hoje, nenhum presidente americano sofreu impeachment, seja enquanto estivesse no cargo ou depois de deixar a Casa Branca.

Segundo o pedido de afastamento, o ex-presidente “fez, deliberadamente, declarações que encorajaram ações ilegais” e “continuará sendo uma ameaça à segurança nacional, à democracia e à Constituição”. “Incitados pelo presidente, membros da multidão à qual ele se dirigiu […] violaram e vandalizaram o Capitólio, feriram e mataram equipes de segurança, ameaçaram membros do Congresso e o vice-presidente e se engajaram em atos violentos, mortais, destrutivos e sediciosos”.

A carta cita ainda falas de Trump, como “se vocês não lutarem para valer, vocês não terão mais um país”, e menciona os esforços dele para subverter a eleição, como o telefonema ao secretário de Estado da Geórgia, a quem pediu que “encontrasse votos” para mudar o resultado, além das reiteradas e infundadas declarações de que a vitória de Biden era resultado de uma fraude generalizada.

“Em tudo isso, o presidente Trump colocou gravemente em perigo a segurança dos EUA e de suas instituições governamentais. Ele ameaçava a integridade do sistema democrático, interferia na transição pacífica de poder e colocava em perigo um braço do governo. Assim, ele traiu sua confiabilidade como presidente, para prejuízo manifesto do povo dos EUA”, diz o texto.

FOLHAPRESS

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