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Manifestantes contra a mineração atacam com pedras van que transportava o presidente da Argentina

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Um grupo de manifestantes antimineração em conflito com o governador da província da Patagônia argentina de Chubut, Mariano Arcioni, atirou pedras na van que transportava o presidente Alberto Fernández e sua comitiva, quando esta se dirigia ao local para fiscalizar incêndios que afetam a região.

Quando o presidente e sua comitiva saíam em uma van do centro cultural Lago Puelo, um grupo de manifestantes lançou pedras e quebrou dois vidros traseiros do veículo, enquanto gritava insultos contra o governador Arcioni.

Imagens de televisão mostram o presidente correndo para a van e se sentando perto de uma janela. A primeira-dama Fabiola Yañez tenta se levantar para ver o que está acontecendo e alguém pede que permaneça sentada.

Os manifestantes indignados, então, pararam a passagem da caminhonete em que Fernández viajava, golpeando com os punhos e atirando pedras que quebraram o vidro, como se vê em vídeos disseminados em redes sociais. Diante da escassa presença policial, a multidão conseguiu deter os veículos que acompanhavam Fernández por vários minutos.

Os manifestantes protestavam contra projetos de mineração na província de Chubut e também contra o governador do distrito, Mariano Arcioni. Desde 2016, a província atravessa uma grave crise financeira. Neste contexto de crise, governantes locais levaram adiante uma expansão das permissões para a mineração nas montanhas da Cordilheira dos Andes.

As práticas propostas se enquadram na chamada “megamineração”, e usam explosivos a céu aberto para extrair ouro. Esta atividade ao ar livre implica em um vasto uso de diversas substâncias químicas que em pequena proporção podem poluir corpos d’água superficiais e subterrâneos, com consequências ambientais significativas.

Depois que a comitiva se retirou, os manifestantes também atacaram parte da imprensa estacionada ali para cobrir a visita presidencial.

Sobre os incidentes registrados na chegada de grupos antimineração, Fernández disse:

— Este é um problema de província, não meu. Pertence ao povo de Chubut. Conheço o entendimento que existe na Cordilheira e no resto de Chubut. Mas isso deve ser resolvido aqui .

Os incêndios que o presidente ia fiscalizar, supostamente intencionais segundo as autoridades, eclodiram no início da semana atingindo as cidades de Lago Puelo, El Bolsón, El Maitén, Epuyén, Futaleufú, El Hoyo e Las Golondrinas, perto do sopé da Cordilheira dos Andes, na região lacustre da Patagônia argentina. “São 1.500 hectares de mata nativa consumidos”, disse um informe da Defesa Civil.

O fogo deixou um morto, 11 desaparecidos, dezenas de desabrigados e mais de 200 casas destruídas.

 Em relação aos incêndios, o presidente disse que “se há um culpado por trás dos incêndios, é preciso encontrá-lo”.

Depois do ocorrido, o governador de Chubut, Mariano Arcioni, agradeceu a Fernández pela visita e condenou os atos de violência. “Obrigado Presidente por sempre cuidar do povo de Chubut. Os problemas se resolvem com trabalho e convicções, nunca com violência. Continuaremos juntos pelas verdadeiras vítimas deste desastre, os aldeãos que perderam tudo. Mais uma vez, vamos seguir em frente “, disse o governador em sua conta no Twitter.

Após a chegada de Fernández à área, a mais afetada por um forte incêndio na região serrana, o Ministério do Desenvolvimento Territorial e Habitat argentino assinou um acordo para a construção de 364 casas de temporárias para os desabrigados.

— O incêndio atingiu mais de duzentas casas e ainda há onze pessoas cujo paradeiro desconhecemos — disse o ministro do Meio Ambiente, Juan Cabandié, a jornalistas, atualizando o número de desaparecidos, que era de 15 na quarta-feira.

Nas províncias de Chubut, Río Negro e Neuquén, afetadas pelos incêndios, dezenas de brigadistas operam com o apoio de caminhões de bombeiros, hidrantes e helicópteros para conter as chamas.

Segundo o ministro, “a intencionalidade dos incêndios fica clara a partir da simultaneidade no início em sete localidades, onde em um período de três horas houve incêndios. Foi muito planejado”.

Os especialistas jurídicos começam a trabalhar para determinar as responsabilidades.

Os incêndios devoraram dezenas de milhares de hectares na Argentina no ano passado. Eles foram causados pela mão do homem, principalmente para fins especulativos de plantio ou construção, segundo as autoridades.

As labaredas nesta semana deixaram “danos tremendos”, disse o ministro.

— Não há água no Lago Puelo, em Epuyén, em El Maitén ou em Las Golondrinas. Não há eletricidade.

O Globo

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