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Sem trash talk e com meritocracia na PFL, Cara de Sapato comemora vida após UFC: “Libertador”

cara-de-sapato-378x400 Sem trash talk e com meritocracia na PFL, Cara de Sapato comemora vida após UFC: "Libertador"

A próxima quinta-feira, 29, será de estreia para Antônio Carlos “Cara de Sapato” Júnior. Aos 31 anos e multicampeão no jiu-jítsu, o lutador paraibano foi demitido pelo UFC em fevereiro, mas agora tem casa nova: a Professional Fighters League (PFL). No card PFL 2021 #2, ele volta ao meio-pesado (até 93kg) diante de outro ex-UFC, Tow Lawlor, na temporada que vale US$ 1 milhão em prêmio ao campeão.

Campeão do TUF Brasil 3 no meio-pesado, Cara de Sapato passou para o peso-médio (até 84kg) logo em sua segunda luta após o título, e esteve inclusive ranqueado. Ele chegou a emendar cinco vitórias seguidas, mas perdeu as últimas três lutas, o que culminou na sua saída do Ultimate.

Direto da bolha da PFL num hotel em Atlantic City, Antônio Cara de Sapato conversou com a reportagem do Combate e detalhou a saída do UFC, a expectativa por uma nova casa, um novo sistema de pontos, e a estratégia para ir aos playoffs do torneio.

Saída do UFC

– De certa forma, foi meio libertador para mim. O UFC tem um pouco daquela política, da coisa do “trash talk” que eles gostam muito para vender luta, e é bem diferente do meu estilo, não é meu perfil. Me dou bem com todo mundo, não tenho essa coisa do “trash talk”. E essa questão da política do UFC me limitava de certa forma, porque não consigo ser assim. Via que muitas pessoas estavam conseguindo espaço lá dentro por conta disso, da personalidade fora do cage. Isso estava mexendo muito com minha cabeça, com meu emocional, e não estava me fazendo bem. O UFC foi muito bom para mim durante um bom tempo, também fui bom para eles por um tempo, mas acho que não estava sendo mais.

Escolha da PFL e mudança de peso

– Aqui na PFL você chega de acordo com sua performance. Você ganha a luta, vai para próxima luta, e de acordo com isso que você é campeão. Gosto de torneio, sempre me dei muito bem em torneios, o TUF foi assim, nos campeonatos de jiu-jítsu foi assim. Acho que é meu perfil mesmo, que me encaixo melhor (…). Desde antes, quando ainda estava no UFC, já gostava muito da política da PFL. Não tem nada de “trash talk”, é muito mais esporte que entretenimento. O entretenimento está ligado, claro, mas é muito mais voltado para o lado do esporte, e eu sou um atleta. Sinto que me encaixo nisso. Sempre gostei da forma como eles trabalham, e falava que se um dia eu saísse (do UFC) queria ir para a PFL. Meu empresário me colocou algumas opções, e falei: “Cara, queria muito ir pra PFL, acho que é onde melhor me encaixo.” Eu já estava com a ideia de subir de categoria, já que aqui não tem o peso-médio: “Preciso subir porque estou perdendo minha identidade ali, o que tenho de melhor, o grappling”. Preciso de força e isometria, e por perder muito peso – perdia em média 15kg – perdia também o que tinha de melhor, a questão do grappling, não conseguia manter isso por muito tempo. Só que o card já estava fechado para este torneio, mas depois surgiu uma vaga e o primeiro nome que eles pensaram foi o meu, foi perfeito.

Prêmio milionário e novo contrato

– Tomara que eu faça esse milhão de dólares, vai ser lindo! Estou louco para fazer, estou batalhando por ele, brigando por isso. Vou dar meu melhor para chegar na final e sair com esse milhão. Será tanto a realização pessoal de ser campeão, de querer ganhar, e financeira também, que ajuda bastante (…). Depois do meu contrato do TUF, até consegui fechar um contrato legal (no UFC), foi o que eu queria. Podia ter sido mais, mas foi legal. Mas claro que US$ 1 milhão de dólares é incentivador para todo mundo (risos). Consegui fechar um contrato muito bom para as outras duas lutas, para quando chegar no torneio estar bem amparado. Foi um somatório de coisas, estou me sentindo muito realizado aqui.

Grandes nomes

– Tem um bocado de pedreira na categoria, nesse esporte não existe nada fácil! Tem vários bons lutadores, vários ex-UFCs, uma galera muito experiente. O próprio Tom Lawlor, que vou enfrentar, já enfrentou grandes nomes, já foi no UFC e lutou por muito tempo, um cara duríssimo. Tem Chris Camozzi, que também é muito experiente, o Cezar Mutante… Tem também um amigo da minha academia, o Jay (Jordan Young), que vai lutar com o Vinny (Magalhães), que também é um cara muito bom. A gente treina sempre juntos e é sempre um treino muito pegado. É uma categoria que está muito bem disputada, a PFL está com um cartel de lutadores cada vez melhor, e este ano acho que é o que está melhor mesmo.

Estratégia na PFL

– A gente entra com a estratégia de tentar fazer a situação aparecer (para finalizar), a gente não pode forçar nada. É difícil, porque do mesmo jeito que você está querendo finalizar logo a luta para ganhar mais pontos, o seu adversário também está e sabe que você também vai estar desta forma. É bem complicado. O ideal é a gente fazer uma estratégia correta para sair com a vitória, principalmente nessa primeira luta, e na segunda luta a gente vê quantos pontos precisa para ir à semifinal. Desses dez (no total da categoria), cinco vão perder obviamente, então se você ganhar, já está um passo à frente desses. Depois é só brigar com pelo menos um dos outros quatro que ganharam para se posicionar melhor. Acho que é fazer de acordo com a segunda luta, pelo menos na minha cabeça acho que é a forma mais inteligente de estar lutando neste torneio. A primeira luta é mais para você sentir. Tenho um ponto positivo, como minha luta é uma das últimas, tenho como saber como foram os resultados anteriores, já pode fazer mais ou menos um cálculo.

O adversário da estreia: Tom Lowler

– É um cara super experiente, foi do TUF assim como eu, ele perdeu para o Ryan Bader lá dentro da casa. Ele é um wrestler, mas tem também uma mão muito pesada, tem que tomar muito cuidado com aquela mão dele. Vi que ele tem um cruzado muito bom com a mão da frente – ele luta na base de canhoto, mas acho que ele deve ser destro, porque você vê que ele usa muito esse cruzado com a mão direita. Tenho que tomar bastante cuidado com isso. Ele é um cara muito experiente, provavelmente vai saber levar a luta. Tenho que usar a estratégia correta para sair com essa vitória. Tem um tempo que ele está sem lutar, isso é um fato positivo a meu favor. Passei um tempo sem lutar por causa de cirurgia e sei que quando a gente volta perde um pouco o ritmo. Acabei de lutar, encaixei um camp no outro, sei que isso termina afetando um pouco ele e vou usar isso a meu favor. É um cara experiente, que já lutou na categoria 84kg assim como eu, que já lutou na categoria 93kg, que assim como eu passou no TUF, e agora vamos nos enfrentar. Mas espero sair com uma grande vitória.

Entenda como funciona a PFL

 

O formato é inspirado nas grandes ligas esportivas americanas, nas quais o campeonato é dividido em temporada regular e playoffs. Na PFL, a temporada regular consiste em duas lutas para cada atleta, independentemente de seus resultados. O lutador só não cumprirá as duas lutas caso não bata o peso, seja pego em exame antidoping, ou receba uma suspensão médica após a primeira luta que o impeça de retornar ao cage a tempo da segunda rodada.

Cada luta vale pontos na classificação. Uma vitória conta três pontos e um empate vale um ponto. “No Contests” (lutas sem resultado) também valem um ponto. Vitórias por nocaute e finalização recebem bônus de acordo com o round em que acontecerem: no primeiro assalto, são três pontos de bônus; no segundo, dois pontos; e no terceiro, um ponto.

Ao final da temporada regular, os quatro melhores classificados de cada categoria passam aos playoffs e se enfrentam por uma vaga na grande decisão – os confrontos semifinais serão determinados pelos matchmakers (responsáveis pelo casamento de lutas) do evento.

pfl-1 Sem trash talk e com meritocracia na PFL, Cara de Sapato comemora vida após UFC: "Libertador"

PFL acontece em bolha montada num hotel cassino em Atlantic City — Foto: Divulgação

Serviço da transmissão

 

Combate transmite todo o card “PFL 2021 #2” a partir das 18h30 (de Brasília) na quinta-feira, dia 29. Você ainda pode assistir às duas primeiras lutas no SporTV 3 e no YouTube do canal Combate, além de todo o evento em Tempo Real no Combate.com.

PFL 2021 #2
29 de abril de 2021, em Atlantic City (EUA)
CARD PRINCIPAL (22h, horário de Brasília):
Peso-meio-médio: Rory MacDonald x Curtis Millender
Peso-meio-médio: Ray Cooper III x Jason Ponet
Peso-meio-médio: Gleison Tibau x João Zeferino
Peso-meio-pesado: Emiliano Sordi x Chris Camozzi
CARD PRELIMINAR (18h30, horário de Brasília):
Peso-meio-pesado: Antônio Cara de Sapato x Tom Lawlor
Peso-meio-pesado: Vinny Magalhães x Jordan Young
Peso-meio-pesado: Cezar Mutante x Nick Roehrick
Peso-meio-médio: Sadibou Sy x Nikolay Aleksakhin
Peso-meio-pesado: Dan Spohn x Marthin Hamlet Nielsen

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