As exportações brasileiras estão cada vez mais dependentes de itens como soja, minério de ferro e petróleo. Hoje, os produtos básicos já representam mais da metade da pauta de tudo o que país vende para o exterior.
Entre janeiro e novembro deste ano, um levantamento realizado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) mostra que as exportações de produtos básicos alcançaram 51% do total.
Desde 2010, pelo menos, essa classe de produtos não tinha uma relevância tão grande na pauta exportadora brasileira. Em 2020, por exemplo, os básicos encerraram o ano com uma fatia de 48%.
Em valores absolutos, as exportações totais brasileiras somam R$ 256 milhões nos 11 primeiros meses deste ano, enquanto as vendas de produtos básicos chegam a R$ 131,4 milhões, segundo a Funcex.
São dois os principais fatores que explicam a dominância de produtos básicos na pauta exportadora:
- O preço das commodities está em alta. Com a retomada da economia mundial depois de superada a pior fase da pandemia, as cotações dos produtos básicos dispararam, o que impulsionou o valor das exportações;
- A indústria segue mostrando dificuldade em competir internacionalmente, fazendo com que os produtos manufaturados perdessem participação na pauta de exportação ao longo dos últimos anos.
Neste ano, o país contou com a ajuda dos preços internacionais das commodities em função do descasamento entre demanda e oferta mundial, o que contribuiu para aumentar a participação dos produtos básicos na exportação do Brasil”, diz Daiane Santos, economista da Funcex e responsável pelo levantamento.
No caso da indústria, o que segue emperrando a melhora das exportações é o chamado custo Brasil – velhos problemas que envolvem custo de logística, burocracia tributária, por exemplo, e tiram a competitividade do produto nacional na competição com outros países. Neste ano, a venda de produtos manufaturados representa apenas 21% do total.
“As exportações de manufaturados são prejudicadas pelo famoso custo Brasil”, afirma José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “As reformas estruturantes são fundamentais para que o Brasil possa reduzir o custo de exportação.”
E o que esperar do futuro?
Em 2022, os preços das commodities devem arrefecer diante de uma economia global que caminha para crescer menos, mas os produtos básicos ainda vão dominar a pauta de exportação do país.
Dos principais produtos vendidos pelo Brasil, a Associação de Comércio Exterior (AEB) estima que a receita de exportação do minério de ferro e do petróleo bruto devem apresentar um recuo de 33,7% (para US$ 29,7 bilhões) e 19,7% (para US$ 23,4 bilhões), respectivamente.
Já a expectativa para a soja em grão é de um crescimento de 18%, para US$ 45 bilhões.
“A tendência é que ocorra uma queda do preço das commodities no mundo todo e isso afeta diretamente o Brasil”, diz Castro.
Com a queda dos produtos básicos, a AEB estima que as exportações do ano que vem devem somar US$ 262,379 bilhões, um recuo de 4,7% em relação ao previsto para este ano (US$ 275,316 bilhões).
O saldo da balança deve passar de US$ 57,222 bilhões para US$ 34,524 bilhões, prevê a associação.
G1