Homem pede em ‘testamento’ e é enterrado em rede e vestido de cangaceiro, na Paraíba
Um idoso de 70 anos foi enterrado em uma rede, debaixo de um pé de juá, e vestido de cangaceiro, no último domingo (6), na zona rural de São João do Rio do Peixe, no Sertão da Paraíba. O sepultamento especial foi para atender ao “testamento” deixado por Laudemiro Fernandes de Almeida, que era conhecido como “Lampião do Sertão”, que se vestia de cangaceiro há mais de 20 anos, em homenagem a Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, o Rei do Cangaço.
Dona Jailça Estrela, enteada de Laudemiro, e seu Damião Cardoso, amigo próximo, contaram que ele havia deixado um testamento explicando como queria ser enterrado: na rede em que ele dormia, e não em um caixão convencional, e ser enterrado debaixo de um pé de juá, localizado no sítio Olho D’água, propriedade onde ele vivia. O “documento” com a vontade do Lampião do Sertão estava escrito desde 2012.
Para além da rede e do pé de juá, o testamento informava que seu Laudemiro queria que cantadores de viola participassem no velório.
“A gente saiu de porta em porta, de madrugada, procurando por cantadores que pudessem participar do velório”, disse seu Damião.
Dois cantadores de viola aceitaram participar, Chico Genezio e João Bosco. Eles ainda fizeram versos sobre a história do ‘Lampião do Sertão’.
Dona Jailça contou que ele era uma figura muito querida pela população porque sempre procurava ajudar as pessoas. Segundo ela, Laudemiro desde criança procurava estudar a história do lampião e há mais de vinte anos se vestia como cangaceiro.
O ‘Lampião do Sertão’ enfrentava problemas de saúde nos últimos anos. Antes de morrer, ele teria se sentido mal e foi atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), no último sábado (5), em São João do Rio do Peixe.
Lampião foi o chefe do cangaço no período entre 1922 e 1938. Ele nasceu em Serra Talhada, em Pernambuco, e não tem data de nascimento confirmada.
Lampião morreu em uma emboscada, em Sergipe, em 1938. Sua cabeça foi exposta por diversos locais como uma forma de mostrar que o cangaceiro não dominava mais a área.
G1 Sob supervisão de Krys Carneiro