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Roberto Jefferson diz em vídeo ter atirado contra policiais federais no RJ

WhatsApp-Image-2022-10-23-at-12.59.49 Roberto Jefferson diz em vídeo ter atirado contra policiais federais no RJO ex-deputado federal Roberto Jefferson teria disparado contra policiais federais que foram até sua casa, no interior do Rio de Janeiro, neste domingo (23), na tentativa de prendê-lo. Nesta segunda-feira (24) a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve apresentar um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o ex parlamentar tenha a prisão domiciliar revogada e volte para o regime fechado. A motivação da medida ocorreu após o ex-deputado gravar um vídeo com ofensas à ministra Cármen Lúcia, do STF.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse repudiar a atitude do ex-parlamentar em uma publicação em seu perfil no Twitter.

O próprio ex-deputado filmou o carro da Polícia Federal em frente à sua cara e enviou vídeos onde contou como foi a abordagem dos policiais. Ele afirma que atirou na direção deles.

“Chega de opressão, eles já me humilharam muito, minha família. Mas eu não estou atirando em cima deles, eu dei perto, mas não atirei neles”, diz Jefferson no vídeo, quando uma voz feminino ao fundo fala “arrebentou o vidro”.

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Roberto Jefferson, ex-deputado, em vídeo onde diz que atirou contra policiais federais / Reprodução

“Espera aí só um minutinho. Não atirei em ninguém para pegar, ninguém. Atirei no carro e perto deles. Eram quatro, eles correram. Falei ‘sai porque eu vou pegar vocês’. Isso que vocês têm que saber. Mas eles vão vir fortes mas eles não vão me pegar. Não vou, chega. É muita humilhação. Eu vi minha mulher chorando e fiquei impotente. Os caras pisando com as botinas nos sutiãs, nas calcinhas, nas camisolas dela por crime de opinião. Eu nunca vendi entorpecentes. Não sou do PCC, não sou Marcola”, discursa o ex-parlamentar.

Ao fundo, há vozes e uma voz de mulher pede que alguém traga um calmante para Jefferson.

Em outro vídeo, em que o ex-deputado filma o carro da PF que seria em frente à sua casa, ele volta a dizer que atirou contra os policiais que tentaram prendê-lo, segundo suas próprias palavras.

“O pau cantou, eles atiram em mim e atirei neles. Estou dentro de casa mas eles estão me cercando. Vai piorar muito, mas eu não me entrego. Chega de abrir mão da minha liberdade em favor da tirania. Não faço mais isso, chega. Vou cair de pé como homem que sou, sou líder. Líder não é só de palavras, dá o exemplo. O Brasil chegou no limite da tirania”, diz Jefferson no vídeo, que continua.

“Esses caras tiranizaram a gente. Xandão [Alexandre de Moraes, presidente do STF], Cármen Lúcia [ministra do Supremo], Fachin [ministro do STF]. Minha mulhere está aqui em prantos, desespero”.

Em seu perfil no Twitter, a ex-deputada Cris Brasil, filha de Jefferson, fez uma postagem sobre o episódio.

A Polícia Militar de Comendador Levy Gasparian, onde mora o ex-deputado, informou que houve uma ocorrência com tiros na casa de Jefferson. No entanto, ainda não há informações de vítimas.

CNN também procurou a PF e a defesa do ex-deputado e ainda não teve resposta.

Posição de Moraes e STF

Em uma postagem em seu perfil no Twitter, Moraes se manifestou sobre as agressões sofridas por Cármen Lúcia.

“As agressões machistas e misóginas contra a Min Carmen Lúcia, exemplo de magistrada, demonstram a insignificante e covarde estatura moral daqueles que pretendem se esconder em uma criminosa ‘liberdade de agressão’, que não se confunde com a liberdade de expressão”, afirmou o ministro do STF.

O Supremo também se manifestou por meio de uma nota da ministra Rosa Weber, presidente da Corte.

“O Supremo Tribunal Federal manifesta seu veemente repúdio à agressão sórdida e vil, expressão da mais repulsiva misoginia, de que foi vítima a ministra Cármen Lúcia em função de sua atuação jurisdicional, no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral”, diz o comunicado.

“O STF manifesta, ainda, a esperança de que os princípios que regem a Constituição Cidadã façam aflorar na sociedade brasileira o espírito democrático e a tolerância que o momento eleitoral exige”.

Investigação

O ex-presidente do PTB é investigado no STF no âmbito de um inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas. Roberto Jefferson teve a prisão preventiva decretada em agosto de 2021 por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no STF. O pedido para que ele fosse preso preventivamente foi feito pela Polícia Federal.

Os investigadores alegaram à época que o ex-deputado vinha se manifestando, reiteradamente, por meio de publicações em redes sociais e em entrevistas concedidas, atacando integrantes de instituições públicas, desacreditando o processo eleitoral brasileiro, reforçando o discurso de polarização e de ódio, e gerando animosidade na sociedade brasileira, promovendo o descrédito dos Poderes da República.

Moraes acolheu o pedido da PF. Em sua decisão, o ministro afirmou que, por meio de seus perfis em redes sociais, Roberto Jefferson exibe armas, profere discursos de ódio, homofóbicos e incentiva a violência. Moraes também escreveu em sua decisão que o ex-deputado chegou a publicar um vídeo com o “nítido objetivo de tumultuar, dificultar, frustrar ou impedir o processo eleitoral, com ataques institucionais ao Tribunal Superior Eleitoral e ao seu ministro-presidente”.

Roberto Jefferson estava preso preventivamente no Complexo Prisional de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio, até janeiro deste ano, quando, por decisão de Moraes, foi autorizado a ficar em regime domiciliar. À época, Moraes atendeu a um pedido feito pela defesa do ex-deputado que apresentou ao ministro um relatório médico que indicava a necessidade de acompanhamento médico de rotina e, possivelmente, novos exames complementares.

Desde o início do ano, Jefferson é obrigado a utilizar tornozeleira eletrônica, está proibido de manter qualquer comunicação exterior, como exemplo uso de redes sociais. O ex-deputado também não está autorizado a receber visitas sem prévia autorização judicial, exceto de seus familiares, além de estar proibido de conceder qualquer tipo de entrevista e de se comunicar com outros investigados.

Ao determinar a ida de Jefferson para o regime domiciliar, Alexandre de Moraes destacou que o descumprimento injustificado das medidas impostas ao ex-deputado resultaria no imediato restabelecimento da prisão preventiva em regime fechado.

(Tainá Farfan, Danilo Moliterno e Carolina Farias)

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