Paraíba tem maior taxa do país de participação de mulheres entre produtores agropecuários, aponta IBGE
Em 1,3 mil dos 163,2 mil estabelecimentos registrados pelo Censo Agropecuário 2017, na Paraíba, o produtor era indígena, de acordo com o módulo de análise por cor ou raça do levantamento, divulgado nesta quarta-feira (14), pelo IBGE e enviados ao ClickPB. O estudo é consequência da demanda da sociedade em entender a produção agropecuária das populações tradicionais, em particular dos povos indígenas e dos extrativistas, assim como dos produtores pretos e pardos.
O número de estabelecimentos em que o produtor era indígena corresponde a aproximadamente 0,8% do total paraibano. Essa foi a 2ª menor proporção, superior apenas à de pessoas amarelas (0,5%) e menor do que a de pretos (7,5%). Por outro lado, juntos, brancos (35,3%) e pardos (55,8%) somavam participação de mais de 90%.
Nas comparações entre sexos, o levantamento aponta que havia uma maior presença das mulheres (35,9%) entre os produtores indígenas. Essa foi a maior proporção do país, acima da média brasileira (25,9%). No estado, os outros percentuais eram de: 29,3%, entre os que se consideravam amarelos; 25,5%, entre os pretos; 23,6% entre os pardos; e 21,4% entre os brancos.
Já em relação aos grupos de idade dos produtores, foi observado que os produtores indígenas tinham um perfil mais jovem. Conforme a pesquisa, os menores de 25 anos representavam 7,7%, os de 25 a menos de 35 anos correspondiam a 19,3% e os de 35 a menos de 45 anos formavam uma parcela de 23,8%. Por outro lado, essas proporções, respectivamente, eram de: 1,5%, 8,5% e 16,3%, entre pretos; 2,1%, 10,2% e 19%, entre pardos; 3,6%, 12,1% e 20,5%, entre amarelos; e 1,7%, 8,8% e 17,5%, entre brancos.
Dos estabelecimentos agropecuários dirigidos por indígenas, cerca de 25,5% utilizaram agrotóxicos. Essa taxa é maior naqueles administrados por produtores amarelos (30,6%); brancos (30,7%); pretos (31,7%); e pardos (32,9%). O módulo também indica que a maior proporção de produtores que receberam orientação técnica, no estado, estava entre os indígenas (30,3%), ao passo que a menor estava entre os pretos (14,7%).
Diferenças no cultivo
Na lavoura temporária, os produtos mais presentes nos estabelecimentos dirigidos pelos indígenas eram, em ordem decrescente: mandioca; feijão verde; cana-de-açúcar; e milho em grão, o que revela diferenças no cultivo. Para os produtores brancos, pardos e pretos essa ordem era: milho em grão; feijão fradinho em grão; fava em grão; e mandioca. Para os amarelos, era praticamente a mesma, com uma mudança no quarto item, que era a abóbora, moranga ou jerimum.
Por outro lado, na horticultura, os produtos mais frequentes nos estabelecimentos dirigidos por indígenas eram os mesmos, na mesma ordem, daqueles dos administrados por pretos: batata-doce; inhame; milho verde (espiga); e coentro. Entre os brancos, havia uma inversão de posições no ranking: o inhame ocupava o 3º lugar, enquanto o milho ocupava o 2º. Junto aos amarelos, a ordem era: batata-doce; milho verde (espiga); alface; e coentro.
Além disso, ao analisar o extrativismo vegetal não-madeireiro, o estudo constatou que, entre os produtores indígenas, na Paraíba, predominava a mangaba, enquanto entre todos os demais prevalecia o umbu.
ClickPB