Holanda e Japão se unem aos EUA e vão restringir exportações de chips para a China
Acordo visa a visam impedir o esforço de Pequim para desenvolver sua própria indústria de chips e aumentar seu poderio militar (Foto: Pixabay)
Japão e Holanda irão restringir as exportações de máquinas avançadas de fabricação de chips para a China depois de fecharem um acordo com o governo dos Estados Unidos destinado a dificultar as ambições de Pequim de desenvolver sua própria indústria de semicondutores e aumentar seu poderio militar.
Segundo a Bloomberg, o acordo trilateral, fechado na sexta-feira após uma rodada final de negociações de alto nível na Casa Branca, estenderia alguns controles de exportação que os EUA adotaram em outubro para empresas sediadas nas duas nações aliadas, incluindo ASML Holding NV, da Holanda, e Nikon Corp. e Tokyo Electron, do Japão.
O acordo ocorre três meses depois que Washington impôs controles unilaterais de exportação que proibiram empresas americanas de vender equipamentos avançados de fabricação de chips para uso em supercomputadores e outras aplicações militares, como inteligência artificial, modelagem de armas nucleares e armas hipersônicas, para qualquer empresa chinesa.
Citando fontes familiarizadas com o assunto, a Bloomberg acrescenta que não há planos para um anúncio público os detalhes do acordo trilateral devido à natureza delicada das discussões. Washington queria dar espaço a Japão e Holanda para decidir como comunicar as restrições.
Além disso, ainda não está claro quais mecanismos os países usarão para impor as restrições às suas empresas de ferramentas de chip, e a implementação de fato pode levar meses enquanto os dois países finalizam os acordos legais.
– As conversas estão em andamento, já há muito tempo, mas não nos comunicamos sobre isso. E se algo sair disso, é questionável se isso se tornará muito visível -, disse o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, na sexta-feira em Haia, em resposta a uma pergunta sobre as negociações.
– Este é um assunto tão delicado que o governo holandês opta por se comunicar diligentemente, e isso significa que nos comunicamos apenas de maneira muito limitada – acrescentou Rutte.
Uma porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Um porta-voz do Ministério do Comércio holandês se recusou a comentar.
O governo de Joe Biden vem negociando com os países há dois anos, mas vinha enfrentando resistências devido a preocupações sobre o efeito de um acordo desta natureza em suas empresas de ferramentas para fabricação de chips, particularmente a ASML, Tokyo Electron e Nikon.
De acordo com a Bloomberg, a Holanda impedirá a ASML de vender para a China pelo menos algumas máquinas de litografia por imersão, o tipo de equipamento mais avançado na linha de litografia ultravioleta profunda da empresa. O equipamento é fundamental para a fabricação de chips de ponta. O Japão estabelecerá limites semelhantes para a Nikon.
O acordo é uma vitória para Biden, que busca restringir o avanço militar de Pequim cortando o país dos menores semicondutores do mundo. Mas o diretor executivo da ASML, Peter Wennink, alertou que a campanha dos EUA pode ter consequências não intencionais, prevendo que a China desenvolverá a tecnologia em vez de importá-la.
– Isso levará tempo, mas no final eles chegarão lá – afirmou Wennink.
O Financial Times reporta que empresas de fabricação de chips dos EUA que dominam o setor – Applied Materials, Lam Research e KLA – estavam preocupadas se a mudança anunciada em outubro iria impor restrições a eles, mas não à ASML e à Tokyo Electron. Na época, Alan Estevez, o principal funcionário do departamento de comércio para controles de exportação, justificou a mudança, dizendo que isso provaria aos aliados que os EUA tinham “pele no jogo” e estavam dispostos a tomar decisões difíceis.
Estevez e Tarun Chhabra, funcionário do Conselho de Segurança Nacional que é a força motriz por trás da mudança, intensificaram os esforços nos últimos meses para convencer os aliados durante visitas a Tóquio e Haia, acrescenta p FT.
O Globo