Justiça Federal condena hacker Walter Delgatti Neto a 20 anos de prisão vazamento de conversas de Moro
Operação Spoofing investigou invasão de dispositivos de autoridades, entre elas o ex-juiz federal Sergio Moro.
O hacker Walter Delgatti Neto foi condenado a 20 anos, 1 mês e 736 dias-multa por crimes identificados na Operação Spoofing, da Polícia Federal (PF), que investigou ataques de hackers a celulares do ex-juiz federal e senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e de ex-procuradores da República que atuaram na Operação Lava Jato. Além de Delgatti Neto, outros quatro foram condenados. A decisão, divulgada ontem segunda-feira (21), é do juiz federal Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal. Cabe recurso da sentença.
Delgatti Neto foi condenado pelos crimes de invasão de dispositivos eletrônicos, interceptação de comunicações telefônicas, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro. O hacker está preso desde 2 de agosto, quando a PF deflagrou uma operação que investiga o esquema de inserção de alvarás digitais falsos de soltura e mandados de prisão no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Essa não é a primeira vez que ele fica preso. Em julho de 2019, Delgatti Neto foi detido no âmbito da Operação Spoofing, por suspeita de “grampear” autoridades brasileiras. O episódio que teve entre as principais consequências a anulação das condenações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mais de um ano depois, em setembro de 2020, ele conseguiu ser solto para responder ao processo em liberdade — ficando, contudo, sujeito a algumas restrições, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de acesso à internet.
Ao analisar o envolvimento de Delgatti Neto na organização criminosa que vazou conversas de autoridades, o juiz citou como agravante o fato de a quadrilha ter sido constituída inicialmente para a praticar furtos bancários. “O que evoluiu para devassar a intimidade de autoridades públicas e obter ganhos financeiros com essa conduta”, diz o juiz federal.
Além disso, o magistrado também afirma, em diversos trechos da sentença, que Delgatti Neto possui outros registros penais, e que chegou a usar um nome falso para escapar de um mandado de prisão, o que “deve ser avaliado de forma desfavorável”.
A sentença ainda detalha as condenações de:
- Gustavo Henrique Elias Santos: prisão de 13 anos e 9 meses — apontado como cúplice de Walter Delgatti Neto, também teria invadido conversas virtuais de autoridades;
- Thiago Eliezer Martins Santos: prisão de 18 anos e 11 meses — conhecido como “hacker de Águas Claras”, foi apontado como um dos mentores intelectuais da invasão aos dispositivos eletrônicos;
- Suelen Priscila de Oliveira: prisão de 6 anos — esposa de Gustavo, realizava consultas de CPF, cartões de crédito e descobria potenciais vítimas de estelionato;
- Danilo Cristiano Marques: prisão de 10 anos e 5 meses — apontado como cúmplice de Delgatti Neto, cedeu o nome para o hacker aluguar um apartamento em Araraquara (SP);
- Luiz Henrique Molição: firmou acordo de delação premiada e, apesar de condenado, recebeu perdão judicial — estudante de direito, também teve acesso a contas do aplicativo de troca de mensagens no Telegram de autoridades.
FONTE: Click PB