Wassef assume ter recomprado Rolex e diz que não foi a pedido de Bolsonaro
O advogado Frederick Wassef, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), admitiu que recomprou o relógio da marca Rolex que o ex-mandatário recebeu de presente durante viagem internacional e que, segundo investigações, foi vendido ilegalmente por assessores dele.
Apesar disso, Wassef diz que não recomprou o objeto de luxo a pedido de Bolsonaro, mas com seu próprio dinheiro e para cumprir uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).
A declaração foi dada em uma entrevista coletiva na noite desta terça-feira (15).
“Sim, fui aos Estados Unidos e comprei o Rolex. O motivo de eu ter comprado esse relógio: não foi Jair Messias Bolsonaro que me pediu. Meu cliente Jair Bolsonaro não tem nada a ver com essa conduta, que é minha, e eu assumo a responsabilidade. Eu fui, eu assumo, eu comprei”, afirmou.
O advogado também nega que o pedido de recompra tenha sido feito a ele pelo ex-ajudante de ordens do ex-presidente Mauro Cid.
Questionado porque comprou o acessório de luxo, Wassef disse que só irá revelar à Polícia Federal (PF) ou em outro momento à imprensa após ter acesso ao inquérito.
“Isso era para atender a uma determinação do Tribunal de Contas da União. E quem pagou esse Rolex fui eu, do meu dinheiro. E, hoje, eu trago provas documentais”, disse apresentando um comprante da compra.
Em março deste ano, o TCU determinou que Bolsonaro não utilizasse e nem vendesse as joias que recebeu da Arábia Saudita. O pedido foi feito ao TCU pela deputada Luciene Cavalcante (Psol-SP).
Resgate
Wassef ainda alegou que não foi “escalado” pelos assessores de Bolsonaro para resgatar o item, argumentando que a viagem aos Estados Unidos, na qual adquiriu o objeto de volta, já estava marcada para seu período de férias.
“Dizer que eu fui selecionado pelos assessores do presidente para fazer o resgate é mentira”, afirmou.
“Eu não fui fazer resgate. Se alguém vai fazer resgate, viaja, fica três dias e volta. Pousei em Miami, fiquei alguns dias lá. Decolai para a Filadélfia, comprei o relógio. Da Filadélfia, fui para Nova York, passei dias lá. De lá, voltei para Miami, onde fiquei outros dias. Depois, fui para Orlando e estive nos parques da Disney e parques turísticos. Quando acabaram as minhas férias, retornei ao Brasil”, completou o advogado.
PF mira vendas ilegais de Rolex e joias
A PF cumpriu mandados de busca e apreensão na última sexta-feira (11) contra Frederick Wassef; o general Mauro César Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid; e o tenente do Exército Osmar Crivelatti, outro ex-ajudante de Bolsonaro.
Eles são investigados por utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial — dados de presente por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro — por meio da venda desses itens em países do exterior.
A investigação da PF aponta, até o momento, que os valores obtidos dessas vendas ilegais foram convertidos em dinheiro em espécie e incluídos no patrimônio pessoal dos investigados.
Segundo as investigações, em 13 de junho do ano passado, Mauro Cid viajou para a cidade de Willow Grove, nos Estados Unidos, onde vendeu o Rolex pelo valor de US$ 68 mil. Esse dinheiro foi depositado na conta do pai de Cid.
Cerca de nove meses depois, o advogado Frederick Wassef recuperou o relógio e o entregou novamente a Cid (filho), que retornou a Brasília e o transferiu para Osmar Crivelatti.
A PF solicitou as quebras de sigilo fiscal e bancário do ex-presidente Bolsonaro e de sua esposa e ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para aprofundar as investigações do caso.
Além disso, também já deu início a uma perícia no celular do pai de Mauro Cid.
CNN