Após ser dopada e ficar 4 dias em coma, mulher teria sofrido roubo de R$ 500 mil do namorado: ‘Um plano macabro para tirar tudo que eu tinha e acabar com a minha vida’
Natacha Ribeiro, 31 anos, acordou de um coma em 7 de dezembro de 2023, após quatro dias, sem saber o que a teria levado a essa situação. Ao ganhar consciência, funcionários do hospital Rios D’or, no Rio de Janeirom onde estava internada, a informaram que tinha sido envenenada e denunciaram o caso à polícia.
A carioca acusa o ex-namorado de tê-la dopado no encontro que tiveram logo antes dela entrar em coma. Também afirma que ele roubou cerca de R$ 500 mil da sua conta bancária enquanto Ribeiro estava inconsciente.
Segundo o advogado da vítima, Sérgio Figueiredo, a investigação do caso ainda está um curso e o ex-namorado de Ribeiro não foi indiciado até o momento.
O crime teria acontecido quando Ribeiro e o então companheiro foram a um quiosque, na zona sul do Rio de Janeiro. De acordo com informações da Record TV, ele teria colocado uma substância tóxica na bebida da namorada, sem que ela percebesse. Ribeiro bebeu mais alguns goles e desmaiou. Quatro dias depois, ela acordou em uma cama de hospital, sem dinheiro na conta ou notícias do então namorado, que nunca mais apareceu.
“Tentaram me matar por envenenamento” – Natacha Ribeiro
“Tentaram me matar no dia 03 de dezembro de 2023 por envenenamento – ele injetou tranquilizante em mim e me deu coquetel de paracetamol, fazendo meu fígado e rins entrarem em falência. O autor do crime era meu companheiro e ex-noivo. Morávamos juntos e tínhamos uma vida de casados, com contrato de união estável. Além de tentar tirar minha vida, ele me deu um golpe financeiro de mais de 500 mil. Eu perdi tudo!”, explicou a vítima por meio de um post feito nas suas redes sociais.
Na entrevista à Record, Ribeiro conta que durante meses fez um tratamento para conseguir engravidar, depois de realizar uma cirurgia de endometriose, e era o então parceiro que administrava os remédios. A carioca também acusa o ex-namorado de ter dado a ela substâncias tóxicas no lugar da medicação. O advogado da vítima afirma que os danos causados ao fígado de Ribeiro foram muito graves, chegando perto da falência do órgão.
A noite em que tudo aconteceu
Em entrevista exclusiva a Marie Claire, Natacha Ribeiro contou os detalhes da noite que teve antes de entrar em coma. “Fomos para um concerto de música clássica. E aí, saímos desse concerto e fomos para um quiosque lá na praia do Leme. Pedimos duas caipisaquês de morango e ficamos ali na areia. [Ele] viu se tinha Lei Seca e optou por não beber, e os dois drinks ficaram para mim.”
“Em alguns momentos, eu fui na agua, tomar banho, molhar os pés, e depois retornei à areia. Acredito eu que foi nesse momento que ele envenenou a minha bebida, porque a partir dali eu já não lembro mais de muita coisa”, relata.
E garantiu: “Eu atravessei a rua e a última coisa que eu lembro é olhar para os meus pés. Eu estava descalça, atravessando a rua para entrar no carro. Eu não lembro como eu cheguei em casa, não lembrava se tinha chegado em pé, andando ou se tinha sido carregada. Só depois, ao olhar nas câmeras, que eu vi que cheguei andando, mas completamente dopada, completamente transtornada, tendo atitudes muito estranhas. Não eram atitudes de uma pessoa bêbada. Eram atitudes de uma pessoa dopada“.
Vítima diz que ex-namorado aplicou remédio nela sem sua autorização
A carioca ainda entrega um outro episódio curioso aconteceu três semanas antes da noite em que ela entrou em coma. Ela relata que estava começando a desconfiar do seu parceiro, pois estava tendo alguns sintomas atípicos, como dor de cabeça, tontura e enjoo, além de estar emagrecendo bastante.
Ribeiro conta que, em um certo dia, tomou um suco de maracujá antes de dormir, que a deixou “completamente atordoado”. “Tive atitudes que eu não lembro”, lamenta. A jovem teria entrado em contato com amigas enquanto estava inconsciente, fez faxina na casa e colocou tranças no cabelo. Ao comentar com o seu até então namorado sobre o ocorrido, ele alegou que as frutas usadas para preparar o suco deveriam contar com algum tipo de fungo, pois o mesmo também disse ter ficado nesse estado.
Depois disso, uma outra situação deixou a mulher em alerta. Ela conta que acordou em uma noite e viu seu parceiro segurando um copo contendo um líquido branco e encontrou uma seringa perto da sua cama. Questionado pela sua namorada, ele se defendeu dizendo que tinha levado remédios para ela tomar para dormir, já que a mesma tinha reclamado de dor pouco tempo atrás. Ribeiro seguiu o pressionando, principalmente a respeito de uma picada que sentiu durante a noite que a acordou.
Ex-namorado acusou jovem de tentativa de suicídio
No entanto, ele defendeu que aquilo era “coisa da cabeça dela” e explicou que a seringa que ela viu continha diazepam, que o rapaz aplicaria nele mesmo, pois não estava conseguindo dormir por conta dela. “Esse foi o ultimo episódio no qual eu desconfiei de alguma coisa. Eu fui alertada pela minha amiga e pelo meu irmão que isso poderia estar acontecendo. Eles até me orientaram a comprar câmera, e eu comprei. Não consegui instalar porque não deu tempo. 3 dias depois foi o dia que ocorreu o fato e eu já entrei em coma”, desabafa.
Ribeiro revela que o rapaz estava lá quando ela começou a acordar do coma e chegou a confrontá-la, acusando-a de ter se entupido de comprimidos e tentado se matar. Ele ainda alegou que ela tinha cometido uma tentativa de suicídio por não ter aceitado o fim do seu relacionamento. Segundo o mesmo, os dois teriam tido uma briga ao voltar do concerto, que teria terminado bem mal, a ponto da sua ex-parceira ter se trancado no quarto e tentado tirar a própria vida.
“Era a pessoa por quem eu estava fazendo tratamento para engravidar, foi a pessoa que eu confiei toda a minha vida, minha família, minhas finanças. Depois, entendi que se tratava de um golpe seguido de tentativa de homicídio” – Natacha Ribeiro
“Quando eu acordei e de fato entendi o que estava acontecendo, eu entrei em choque. Ali, o meu mundo caiu, porque era o meu ‘marido’. Era a pessoa por quem eu estava fazendo tratamento para engravidar, foi a pessoa que eu confiei toda a minha vida, minha família, minhas finanças. Depois, entendi que se tratava de um golpe seguido de tentativa de homicídio”, disparou.
Vítima revela sequelas do caso
“Até hoje eu não superei. Venho tentado justiça, venho tentado respostas. Acho que é mais doloroso ainda eu tentar me perguntar o porquê disso. Hoje eu sei o porquê. Tudo foi uma grande armação, um grande teatro, um plano muito macabro para me roubar, tirar tudo que eu tinha e ainda acabar com a minha vida”, entende.
A ex-bancária explica que expôs o caso nas redes sociais para tentar conseguir justiça e explica que, para tentar conviver com a dor, se apega à sua religião e ao novo trabalho. “Não consigo mais voltar para a minha carreira, que demorei anos para construir. Foram 13 anos de carreira consolidada em 2 grandes bancos e eu não consigo mais voltar”, desabafa. Ribeiro também recorre ao acompanhamento psiquiátrico e psicológico para tratar sua ansiedade e suas crises de pânico. Mas, ela precisa tomar cuidado com os medicamentos, já que, hoje em dia, só está autorizada a tomar dipirona e outros remédios específicos para cuidar da sua saúde mental.
“Não consigo mais voltar para a minha carreira, que demorei anos para construir. Foram 13 anos de carreira consolidada em 2 grandes bancos e eu não consigo mais voltar” – Natacha Ribeiro
“Eu não consigo dormir com ninguém. Até quando eu durmo com a minha mãe, ou com a minha sobrinha, ou na casa dos meus, eu fico muito assustada, porque há 10 meses eu estava dormindo com uma pessoa e toda vez que eu acordo de noite e acho que tem alguém do meu lado eu fico muito assustada e acabo batendo na pessoa”, detalha.
“Deus me deixou viva e eu preciso seguir de alguma forma” – Natacha Ribeiro
Outra dificuldade apresentada pela jovem diz respeito à sua relação com outros homens no geral. “Às vezes ate na presença do meu pai eu fico incomodada, e isso é muito notório”, explica. “São traumas que eu vou ter que tratar com muito cuidado, porque eu sou nova e a vida não pode parar. Deus me deixou viva e eu preciso seguir de alguma forma.”
O início do relacionamento
Ribeiro conheceu o rapaz em março de 2023 em um retiro espiritual, segundo relatou em suas redes sociais.
O relacionamento evoluiu rapidamente e, depois de alguns meses, começaram a morar juntos. Ribeiro diz que desde aquela época houve “comportamentos abusivos” do namorado, como a exigência que ela largasse o emprego como bancária para ficar em casa integralmente.
“Ele não tinha nenhum comportamento agressivo. Pelo contrário, era um excesso de proteção muito grande, um excesso de preocupação. Ele falava que, por ser 15 anos mais velho do que eu, sentia essa obrigação de cuidar de mim, como se fosse responsável por mim. Mas, ele nunca chegou a ser agressivo. Só era muito ciumento, muito possessivo e muito protetor. E eu não conseguia ver como algo negativo, achava que era proteção, amor, cuidado”, lamenta.
Procuradas, as assessorias de imprensa da Polícia Civil do Rio de Janeiro e do Hospital Rios D’or não responderam até o fechamento da matéria.
COM INFORMAÇÕES GLOBO