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Sobrinha de ‘Tio Paulo’ foi agredida na cadeia, diz advogada; corpo de idoso é enterrado

WhatsApp-Image-2024-04-22-at-07.50.28-1-700x350 Sobrinha de ‘Tio Paulo’ foi agredida na cadeia, diz advogada; corpo de idoso é enterrado

Corpo de Tio Paulo é enterrado

A advogada de Erika de Souza Vieira Nunes, a sobrinha de Paulo Roberto Braga, o Tio Paulo, de 68 anos — o idoso que foi levado morto para atendimento em um banco em Bangu na última terça —, afirmou que a mulher foi agredida dentro do Presídio de Benfica.

“Erika sofreu represálias dentro da prisão. Ela me relatou que assim que ela chegou a Benfica, jogaram água e comida nela”, declarou Ana Carla de Souza Corrêa. “Pedi o seguro [isolamento], e ela está resguardada, graças a Deus”, emendou a defensora.

A advogada esteve no velório e no enterro do corpo de Tio Paulo, em uma cerimônia simples no Cemitério de Campo Grande.

A família conseguiu o sepultamento gratuito, um benefício da Prefeitura do Rio para quem alega não ter condições de arcar com os custos.

Ainda segundo Ana Carla, Erika teve “um surto de um efeito colateral” e só percebeu que o tio morreu quando o Samu chegou e atestou o óbito.

“Ela tem depressão, e acreditamos que isso aconteceu. Ela é sobrinha do Paulo, sempre conviveu com ele. Ela cuidava e ajudava no auxílio. Infelizmente, ele ficou debilitado com a última internação. Ela é cabeleireira e vivia dessa renda. Batemos na tecla de que ela precisa ser solta para cuidar da filha especial”, disse.

Relembre o caso

Um vídeo feito por funcionários da agência do Itaú do Calçadão de Bangu mostra o momento em que a sobrinha de Paulo Roberto, Érika de Souza Vieira Nunes, tenta liberar um empréstimo de R$ 17 mil na frente do idoso morto.

Érika está presa por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver. A defesa dela alega que o idoso chegou vivo ao banco, mas a polícia afirma que ele já estava morto. Imagens de câmeras de segurança de um shopping perto do banco e da entrada da agência mostram o idoso aparentemente já desacordado.

Um motorista de aplicativo e um mototaxista dizem que o idoso estava vivo ao entrar no carro que os conduziu para o local.

O laudo do IML informou que o idoso morreu entre 11h30 e 14h30 e, por isso, não era possível precisar se foi antes ou depois de chegar ao guichê. A causa da morte foi por broncoaspiração de conteúdo estomacal e falência cardíaca.

O médico do Samu que atendeu seu Paulo no banco relatou que havia livores cadavéricos na parte de trás da cabeça do idoso, que geralmente aparecem duas horas após a morte.

De acordo com a Polícia Civil, a presença dos livores cadavéricos encontrados no corpo mostra que Paulo Roberto tinha mancha de sangue na nuca, indicando que o idoso não morreu sentado. Livores são acúmulos de sangue decorrentes da interrupção da circulação que, neste caso, acumularam na nuca. Isso indica que o idoso deve ter morrido deitado.

O caso segue sob apuração. A polícia investiga se Érika tentou empréstimo em outros três bancos diferentes.

Nesta quinta-feira (18), a advogada que representa Érika entrou com um pedido de habeas corpus, na 2ª Vara Criminal de Bangu, para que ela responda em liberdade durante as investigações.

A reportagem apurou que a defesa alega que Érika tem uma filha de 14 anos que depende de cuidados especiais. “A ora acusada é pessoa íntegra, idônea de bons antecedentes, não pretende se furtar à aplicação da lei penal, nem atrapalhar as investigações, já que possui residência fixa”, diz um trecho do documento.

Os advogados da mulher sustentam que “a prisão preventiva não é justa” porque Érika “sempre se pautou na honestidade e no trabalho”.

No pedido de habeas corpus, a defesa destacou ainda que “não existem mais fundamentos para a manutenção da prisão” da dona de casa, “uma vez que os indícios se baseiam apenas em um clamor público de que Érika havia levado um cadáver até o banco para tentar aplicar um golpe do empréstimo, o que não é verdade”.

g1

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