Carlos Wolfart é uma das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul
O sonho do casal Fabiana, 39 anos, e Gilberto Eidt, 47, foi interrompido pela chuvas e enchentes que atingem o Rio Grande do Sul. Eles estavam com o casamento marcado para o último 30 de abril, em Santa Cruz do Sul (RS), mas cancelaram a celebração depois que um dos padrinhos foi levado pelo rio Pardinho.
A festa para 300 convidados estava pronta, as famílias que viajaram de outros estados já se preparavam, até que a inesperada tragédia ocorreu. Segundo Gilberto, chovia muito desde o dia 29 na região, mas, como a festa seria em um local distante dos alagamentos e os convidados estavam no local, o casamento não foi adiado.
Segundo o noivo, o padrinho desaparecido era cunhado dele, identificado como Carlos Wolfart, de 41. De acordo com Gilberto, houve uma grande mobilização na tentativa de resgatá-lo, no entanto, não foi possível.
Levado pela água
Segundo Gilberto, ele tem um sítio em Sinimbu, a 22 km de Santa Cruz do Sul, onde os familiares ficaram hospedados. Na manhã do dia 30, Carlos saiu do local para ver a força das águas do rio.
“A gente tem um lago bem grande no sítio, e ele passou por lá. Depois, desceu uns 500 metros, me ligou de vídeo para mostrar a situação. Mas, quando foi voltar, o rio estava passando por esse lago. Ele não sabia nadar, e não conseguiu mais passar”, contou Gilberto ao portal Uol. Segundo ele, por volta das 7h, Carlos retornou a ligação e disse que precisava ser resgatado.
A partir dali, os dois começaram a se falar pelo celular, e Carlos mandou a localização para que fossem buscá-lo. De acordo com Gilberto, a situação parecia ser possível de ser resolvida.
“Eu liguei para um amigo chefe da polícia, ele disse que não tinha como resgatar. Consegui dois helicópteros de amigos, só que eles não tinham teto para decolar. Estava chovendo muito, com neblina e raios. Os bombeiros não conseguiram atravessar o rio para fazer o socorro”, detalhou o noivo sobre a tentativa de resgate.
Segundo ele, a situação foi se complicando, e ele decidiu, então, ligar para dois amigos que têm jet ski para tentar chegar até Carlos. “Foi o que fiz no desespero”.
Com a elevação do nível da água, Carlos acabou subindo em uma árvore, mas o volume continuou aumentando. O grupo que se reuniu para resgatá-lo chegou ao local por volta das 16h.
Em um dia normal, o trajeto seria possível em cerca de 20 minutos, mas, na ocasião, Gilberto e os amigos demoraram quatro horas. “Eu fui com um colete a mais e uma corda para tentar salvá-lo, mas cheguei atrasado. Os vizinhos próximos viram ele indo embora com a árvore”, contou.
Com a tristeza dos familiares, a festa foi cancelada. Em uma ação solidária, os noivos decidiram doar toda a comida do buffet para vítimas desabrigadas.
“Na nossa casa, tinha maquiadores e cabeleireiros arrumando as madrinhas. Eu estava preocupado, mas dizia ao Carlos que ia salvá-lo, que ia dar um jeito. Sem dúvida, foi o pior aniversário da minha vida”, lamentou Gilberto.
O corpo de Carlos só foi encontrado na última quarta-feira (8/5) pelo Corpo de Bombeiros — mais de uma semana após o desaparecimento.
Família presa no Sul
Em razão dos bloqueios rodoviários e também da interdição do aeroporto de Porto Alegre, a família da noiva não conseguiu voltar a Maceió e permanece em Santa Cruz do Sul.
Segundo a empresária Ranieria Francisca, 44, irmã da noiva, um grupo de 10 pessoas está ainda hospedado na residência do casal — e agora com passagem marcada para sexta-feira (10), saindo de Florianópolis (SC).
“Teve alagamento na cidade, mas já está voltando ao normal. O local onde a gente está é seguro, na casa da minha irmã não teve alagamento. O problema realmente é saber se vamos conseguir chegar para embarcar”, explicou a empresária.
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