Após o 7 de Setembro de 2021, militares planejaram tirar Bolsonaro do país, caso ele fosse alvo de investigações
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Em 7 de setembro de 2021, durante as comemorações do Dia da Independência em Brasília e São Paulo, o então presidente Jair Bolsonaro proferiu discursos com ameaças diretas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Estado Democrático de Direito.
Atacando o sistema eletrônico de votação, afirmou que “não poderia participar de uma farsa como essa patrocinada pelo Tribunal Superior Eleitoral” e sugeriu possíveis consequências para o Judiciário, dizendo: “Ou o chefe desse Poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos”.
A retórica inflamada incluiu ameaças veladas de ruptura institucional, enquanto Bolsonaro afirmava que “não queremos ruptura, não queremos brigar com Poder algum, mas não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade”.
Diante desse cenário, a investigação revelou a existência de um plano militar para extrair o então presidente do Brasil, caso ele enfrentasse revés judicial ou ameaça à sua liberdade em razão de seus ataques ao Judiciário e à democracia.
O plano, inspirado em doutrinas militares, foi parte de uma estratégia discutida no núcleo governamental. Posteriormente, em 5 de julho de 2022, Bolsonaro liderou uma reunião com ministros de Estado para apresentar uma narrativa de supostas fraudes eleitorais.
Durante o encontro, o ex-presidente disseminou ataques contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros do STF, como Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, para sustentar uma agenda de desinformação e deslegitimação do processo eleitoral. A investigação segue analisando as conexões entre esses eventos e o planejamento golpista revelado.
Etapas da fuga
A primeira etapa, “Proteção do Pr no Planalto e Alvorada – sem apoio do GSI”, previa a cooptação de militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para ocupar posições estratégicas nos palácios do Planalto e da Alvorada. Segundo o relatório, o plano incluía “a disponibilidade de armamento e munição para pronto emprego, que estariam em um cofre”, em condições de uso imediato. A expressão militar “ECD”, utilizada no documento, indica que o material estaria pronto para ser usado assim que necessário.
A segunda ação, descrita como “Condições de ocupar Etta Estrg como forma dissuasória para mostrar apoio ao Pr”, incluía a ocupação de infraestruturas estratégicas por militares alinhados ao plano golpista. De acordo com a PF, “o termo ‘Etta Estrg’ refere-se a estruturas estratégicas, instalações ou sistemas cuja interrupção ou destruição teria impacto significativo na segurança do Estado e da sociedade”. A ideia era demonstrar apoio ostensivo ao presidente, buscando intimidar possíveis ações judiciais ou de outros órgãos do Estado.
G1