Após cursar todo o ensino médio em uma escola da rede pública de ensino em Sumé, no Cariri da Paraíba, Renan Balbino conseguiu 980 pontos como nota da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021. Mesmo feliz e aliviado com o bom resultado, o jovem, de 18 anos, lembra que não foi fácil se dedicar à preparação para a prova durante a pandemia de Covid-19.
“Primeiramente, esse Enem foi um dos mais desiguais da história [com base no convício com colegas e nas notícias que leu e assistiu]. Eu ainda me sinto privilegiado por ter internet e acesso a um celular. A pandemia dificultou muito. Na verdade, a escola teve que entrar dentro da nossa casa. Não temos espaços silenciosos ou locais específicos para estudos. As pessoas da nossa família algumas vezes conversam na hora da aula”, relatou.
Renan tem razão. O exame teve em 2021 o menor número de inscrições desde o ano de 2007. A queda mais acentuada aconteceu na participação candidatos pretos, pardos e indígenas, quando os números são comparados com a última edição da prova. Os dados são de um levantamento do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), feito a pedido da Globonews.
Mas, agora, as dificuldades enfrentadas não tiram o brilho da realização que o estudante sente. Ele, inclusive, faz questão de lembrar que a pontuação de que tanto se orgulha é fruto de um trabalho em equipe, enquanto ressalta acompanhamento que recebeu dos professores, com a correção de uma redação por semana.
“Eu fiquei perplexo, mesmo desconfiando que me daria bem. Isso foi reflexo do trabalho dos professores e também do meu esforço individual”, reforçou.
Esta é a quarta vez que Renan faz o Enem, mas as anteriores foram só treino. Desde a primeira prova até a última, a evolução foi de quase 400 pontos na produção textual, passando de 600 para os 980.
Renan ganhou medalha de bronze na Olímpiada Nacional de Ciências e quer ser psicólogo
Além da pontuação que obteve na redação do Enem, Renan tem mais um motivo para se orgulhar. Em 2019, ele ganhou medalha de bronze na Olímpiada Nacional de Ciências.
A vitória aconteceu no primeiro ano dele matriculado na Escola Cidadã Integral Técnica Estadual José Gonçalves de Queiroz, também localizada em Sumé, onde o aluno nasceu e mora com a família.
O jovem contou que se encontrou no modelo de ensino integral da unidade educacional. No local, ele encontrou “afetividade, acolhimento e ensino humanizado”.
Em casa, por causa da pandemia, o tempo dos estudos para conclusão do ensino médio e Enem foi conciliado com os momentos de descanso e lazer.
Ele até já ganhou uma bolsa de estudos com cobertura de 70% na mensalidade em uma universidade particular, situada na cidade em que vive. Mas com a nota do Enem, pretende disputar uma vaga no Prouni. Pois, mesmo se conseguir uma vaga em instituição pública em outro município, não terá condições de custear uma mudança de moradia ou enfrentará dificuldades com a locomoção, com viagens de três contando com ida e volta.
G1PB