Por bicentenário, Governo prevê gastar 3,4 vezes mais com 7 de Setembro do que no pré-pandemia
No ano em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) disputa a reeleição e convoca manifestações a favor de sua candidatura, o governo federal prevê gastar cerca de R$ 3,3 milhões no desfile de 7 de Setembro em Brasília, de acordo com o Ministério das Comunicações. É o primeiro grande ato federal após o fim das medidas de restrição provocadas pela pandemia de Covid-19.
Antes da crise de saúde provocada pelo coronavírus, em 2019, a cerimônia custou R$ 971 mil. O orçamento atual é 3,4 vezes maior do que o de três anos atrás. Aquela foi a última vez que a solenidade ocorreu na capital.
O governo argumenta que o novo preço, usando como base outras comemorações correlatas e atribuiu mais suntuosidade ao fato de o país estar comemorando os 200 anos de Independência.
A estrutura do ato na Esplanada dos Ministérios começou a ser montada. A Secretaria de Comunicação Social espera que o serviço seja concluído até o fim de semana.
Bolsonaro não deve fazer discurso durante o desfile de 7 de Setembro em Brasília. Ele chegará ao local do evento no Rolls Royce presidencial. Depois dará autorização ao Comandante Militar do Planalto, general de Divisão Gustavo Henrique Dutra de Menezes, para que o desfile seja iniciado.
Já confirmaram presença no ato ao menos dois chefes de Estado: os presidentes de Guiné Bissau, Umaro Sissoco Embaló, e de Cabo Verde, José Maria Neves. Ainda há a expectativa de presença do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Todos os mandatários de países de língua portuguesa foram convidados.
Desta vez, as arquibancadas terão capacidade para 20 mil pessoas. Haverá ainda espaço para outras 10 mil pessoas circularem ao longo de três quilômetros de pista por onde o desfile vai passar.
Ao todo, quase 6.000 militares devem participar da parada, marcada para começar às 8h30. Destaque para três tropas: os Dragões da Independência, que estavam ao lado de Dom Pedro I no ato que ficou conhecimento como “Grito do Ipiranga”. Outra participação é dos militares do Batalhão da Guarda Presidencial, que, no passado, pela fidelidade ao chefe, teve a denominação de Batalhão do Imperador.
Viaturas da Força Terrestre, como o Guarani e o Astros –usados no disparo de mísseis e foguetes– também serão apresentados ao público.
A Marinha do Brasil desfilará com tanques de guerra. E a Força Aérea passará no céu com aviões Gripen e fará apresentação da tradicional Esquadrilha da Fumaça.
Bombeiros e Polícia Militar do Distrito Federal também vão desfilar. Assim como forças federais de segurança, alunos de colégios militares e de alguns projetos sociais da capital.
Entre ex-presidentes da República, o único que indicou que deve comparecer é Fernando Collor de Mello (PTB), que está em campanha para o governo de Alagoas.
Líderes religiosos também foram convidados. É o caso do pastor Silas Malafaia, que confirmou participação. Na última vez que houve um desfile de 7 de Setembro de grande porte em Brasília, Bolsonaro convidou empresários e outras personalidades religiosas e da TV, como Sílvio Santos e Edir Macedo. Por enquanto não há confirmação da presença dos dois.
Ingressos restritos
Servidores de pelo menos três ministérios, conforme apurou a CNN, já estão preenchendo uma lista eletrônica para ter acesso às arquibancadas mais disputadas do desfile. Cada pessoa pode indicar até dez nomes, que depois passarão pelo crivo da Presidência da República.
A informação de que tais listas estão circulando foi confirmada pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Mas, segundo a pasta, não representa garantia de participação. “É uma pré-lista”, disse uma fonte.
No Ministério de Minas e Energia, alguns servidores relataram que também já reservaram ingressos para os locais mais próximos de onde as autoridades vão ficar. Serão quatro palanques de destaque. Os assentos em frente são os mais disputados e que exigem mais controle de segurança por parte do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
No Ministério das Relações Exteriores também houve chamamento de interessados. Mas, por enquanto, as vagas são restritas a diplomatas.
Segurança da população será feita pela polícia do DF
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) ficará responsável pelo controle dos acessos à Esplanada e pela segurança geral nas vias que dão acesso à Zona Central de Brasília e em todo o perímetro do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal (STF) e ministérios. O Palácio do Planalto e o Itamaraty são os únicos que estarão sob guarda das Forças Armadas num primeiro momento.
O governo local informou que o plano de segurança pública para o 7 de Setembro foi feito com a participação de instituições locais e federais, por meio de tratativas com representantes dos setores de segurança da Câmara dos Deputados, do Senado, do STF, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e das polícias Federal e Rodoviária Federal, entre outros órgãos.
De acordo com a SSP, os setores de inteligência das Polícias Civil e Militar atuam ainda no monitoramento preventivo de redes sociais, eventos e manifestações que possam impactar e comprometer a segurança dos participantes. A pasta trabalha com hipóteses de manifestações na Esplanada dos Ministérios e na Torre de TV.
Esse monitoramento é feito de maneira integrada entre as forças de segurança e outros 29 órgãos, bem como instituições e agências do governo local e federal, com suporte de câmeras de videomonitoramento.
Esses órgãos integrados monitoram atos públicos de toda e qualquer natureza, respeitados os limites constitucionais. Além disso, auxiliam na promoção de ações de segurança pública. O trabalho em conjunto corrobora com a segurança, mobilidade, fiscalização e saúde da população do DF.
Exército ficará de prontidão
Paralelo ao desfile, cerca de 900 militares da chamada Força de Prontidão do Planalto ficarão de sobreaviso em esquema de revezamento nos quarteis de Brasília e em pontos estratégicos da Esplanada dos Ministérios para atuar em caso de conflito.
Oficialmente, está proibido o ingresso de caminhões nas vias S1 e N1 durante todo o 7 de Setembro. No entanto, foi autorizado o estacionamento de um trio elétrico na altura do Ministério da Saúde para ser usado após o desfile militar.
Aliás, se resolver falar com apoiadores, é ali que Bolsonaro pode fazer algum discurso. No entanto, a CNN apurou que assessores próximos do candidato à reeleição tentam demovê-lo da ideia, por considerarem que pode gerar desgaste ou incitar violência entre os participantes.
Os militares da prontidão estarão com o uniforme “choque”, usado quando é acionado o dispositivo constitucional de Garantia de Lei e da Ordem (GLO).
A última vez que foi necessário acioná-lo na capital foi em 2016, próximo ao período que resultou no processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). Por lei, somente o presidente da República pode acionar a GLO.