Sonegação de produtora de forró pode chegar a R$ 500 mi, diz PF
A soma dos valores sonegados pelas bandas de forró e empresas que fazem parte do grupo A3 Entretenimento, principal alvo da Operação For All,deflagrada pela Polícia Federal na manhã de terça (18), pode ultrapassar R$ 500 milhões.
A projeção foi feita por Dora Lúcia Oliveira de Souza, delegada da PF responsável pela ação que tenta desbaratar um esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
A estimativa inicial leva em conta apenas a agenda de shows das principais bandas, sem contar os rendimentos que as empresas envolvidas recebem com vendas de CD, propagandas e patrocínios, entre outras fontes.
À imprensa, Souza não acusou nominalmente o grupo Aviões do Forró e a A3 Entretenimento —tampouco negou a participação dos músicos e empresários.
Em entrevista à Folha, a delegada diz que a investigação corre há dois anos e começou com a análise das agendas de shows divulgadas em canais oficiais das bandas e com a apuração dos valores dos cachês praticados com base nos contratos que os grupos estabeleciam com órgãos públicos.
“Quando é feito o cruzamento dessas informações, que também foram confirmadas por outros meios junto à Receita Federal e aos contratantes que informam quanto pagaram por show, estima-se que o que eles declaram é praticamente 30% do que teriam ganho”, diz Souza.
Segundo a Polícia, há indícios de que integrantes da organização emitiam dados falsos ou omitiam dados relevantes em suas declarações de imposto de renda, tentando se eximir da cobrança de tributos e convertendo os valores não declarados em imóveis, veículos e gastos pessoais.
Divergências sobre movimentações bancárias incompatíveis com os rendimentos declarados, pagamentos elevados em dinheiro e diversas variações patrimoniais foram encontradas. Além disso, o grupo comprava bens como veículos e imóveis, sem declarar.
“Sonegando impostos, eles adquiriam bens e imóveis que também não eram devidamente comunicados à Receita Federal, ou seja, uma sonegação em cima de outra sonegação”, diz Souza. “Quando esses bens eram declarados, muitas vezes eles estavam com valores subfaturados, o que também diminui a carga tributária”.
A investigação sugere que o grupo agia por meio de outras empresas e inclusive fundações, por onde transitava o dinheiro sonegado a fim de justificar a movimentação, dando um caráter de legalidade ao que já estava irregular.
A delegada também afirma que as negociações do grupo investigado são frequentemente realizadas com dinheiro em espécie, o que dificultaria a fiscalização, já que uma grande parte do dinheiro não entra nas contas.
A Justiça decretou o bloqueio de imóveis e a apreensão de veículos pertencentes a pessoas ligadas ao grupo.
Souza não descarta a possibilidade de que outras empresas ligadas ao grupo, como possíveis contratantes, sejam também investigadas futuramente.
Folha