Comissão da Mulher na AL pede apuração contra secretário acusado de agredir namorada; Célio nega
A Comissão dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa da Paraíba divulgou na noite desta quinta-feira (20) nota pública repudiando o secretário-executivo de Comunicação do Estado, Célio Alves, a quem são atribuídas, de acordo com o documento, “práticas de violência física e psicológica sofridas por uma adolescente”, identificada como namorada do radialista.
A nota é assinada pelas deputadas Estela Bezerra (PSB) e Camila Toscano (PSDB) e pelos deputados Anísio Maia (PT) e Tovar Correia Lima (PSDB). Apenas o deputado Hervázio Bezerra (PSB), também titular da Comissão, não subscreveu.
Na Nota, a Comissão registra posição de “indignação” e trata o caso como “violência doméstica e de gênero”. Os parlamentares repudiaram o fato e exigiram “das autoridades competentes que apurem devidamente todos os aspectos que envolvem as situações expostas pelos envolvidos e que tomem as devidas providências”.
Vazamento nas redes
Começaram as circular no começo da tarde nas redes sociais três vídeos em que o secretário-executivo de Comunicação do Estado, Célio Alves, aparece, no seu apartamento em João Pessoa, filmando uma jovem de 16 anos de idade chorando e cujo conteúdo sugere agressão física.
As imagens rapidamente se espalharam e tomaram conta do debate virtual. A advogada Laura Berquó, ex-conselheira dos Direitos Humanos da Paraíba, se apresentou como testemunha do caso e revelou ter sido procurada pela jovem para denunciar supostas agressões sofridas no último dia 12.
De acordo com Laura, a menor estaria escondida, se sentindo ameaçada, com medo de denunciar o caso e procurou ajuda e proteção de vida.
Secretário nega agressões e vê armação
Nas redes sociais, o radialista Célio Alves se pronunciou negando as acusações. Ele se disse vítima de uma “trama sórdida que se articulou para denegrir minha imagem e obter vantagens políticas e/ou financeiras”.
Célio informou ter sido agredido pela companheira e a responsabilizou pela destruição dos móveis de seu apartamento. O secretário postou imagens de hematomas pelo corpo e garantiu que em nenhum momento revidou as agressões.
Ele também publicou cópias de boletim de ocorrência, registrado seis dias depois do conflito, precisamente na última terça-feira (18).
Confira a nota da Comissão dos Diretos da Mulher:
Comissão dos Diretos da Mulher da Assembleia Legislativa da Paraíba
NOTA
A Comissão de Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa da Paraíba manifesta indignação às práticas de violência física e psicológica sofridas por uma adolescente, promovida por seu namorado, o secretário executivo de Comunicação Social do Estado, o radialista Célio Alves.
Esta Comissão, a partir dessa situação de violência doméstica e de gênero, vem a público repudiar tais atitudes e exigir das autoridades competentes que apurem devidamente todos os aspectos que envolvem as situações expostas pelos envolvidos e que tomem as devidas providências.
A Organização das Nações Unidas classifica a violência contra mulheres e meninas como uma grave violação dos direitos humanos, com consequências físicas, sexuais, psicológicas e sociais.
O feminicídio, decorrência mais extrema dessa violência de gênero, só recebeu legislação específica nos últimos anos. De acordo com o Mapa da Violência contra a Mulher/2015, a Paraíba ocupa hoje o 6º lugar nacional no número de assassinatos de mulheres, e é o 2º estado do Nordeste com maior número de casos registrados de violência doméstica.
Considerando os indicadores de violência expostos na Paraíba e a grave ameaça à vida das mulheres, estamos tornando central para esta Comissão o empenho contra a violência contra as mulheres.
Assinam:
Deputada estadual Camila Toscano (membro titular)
Deputada estadual Estela Bezerra (membro titular)
Deputado estadual Tovar Correia Lima (membro titular)
Deputado estadual Anísio Maia (membro titular)
Confira a postagem do secretário nas redes sociais
Uso este espaço para tratar de algo eminentemente pessoal, e só agora, pois não o fiz antes para preservar as pessoas envolvidas e por entender que questões de ordem pessoal não devem ser levadas a público. Mas, diante da trama sórdida que se articulou para denegrir minha imagem e obter vantagens políticas e/ou financeiras, não me resta outra opção que não seja a de trazer a verdade ao conhecimento de todos.
No último dia 12, no interior do meu apartamento, ao terminar um relacionamento amoroso de quase 10 meses de duração, fui surpreendido pela reação furiosa e descontrolada da jovem Kawanny Holmes, até então gente de expressão angelical.
Presenciei ela tentando destruir o interior do imóvel, atirando o que encontrava pela frente. Como se não bastasse, partiu para agredir-me fisicamente, como provam os hematomas que podem ser observados nas fotografias que consegui produzir.
Em nenhum momento, eu revidei qualquer das agressões, me limitando a pedir a ela que se acalmasse. Como não fui atendido, liguei pra sua avó (Mércia Holmes), que por estar em Itatuba, onde reside, orientou-me a chamar uma parente de nome Sandra para que esta acalmasse e levasse consigo a jovem furiosa. Assim eu procedi.
Ao chegar, Sandra ficou impossibilitada de entrar no apartamento, pois as chaves haviam sumido. A jovem Kawanny, de pronto, declarou ter jogado as chaves de cima do 4º andar. Eu, então, autorizei a Sandra que chamasse alguém pra arrombar a porta, bem como autorizei que acionasse a Polícia.
À essa altura dos fatos, a jovem descontrolada tentou se jogar do prédio. Foram cerca de 10 tentativas. Nenhuma delas se consumou graças à minha intervenção, que a segurei contra a sua vontade. Os vídeos que produzi (por estalo divino tive a ideia de gravar) provam isso. Em algumas das tentativas de suicídio, a moça já havia colocado parte do corpo do lado de fora da varanda do 4º andar.
Em meio à turbulência, eu consegui chamar, por telefone, Dona Raimunda, pessoa que trabalha como doméstica em meu apartamento, e um chaveiro. Ela possuía uma cópia da chave. Ele faria uma na hora ou arrombaria. Antes que chegassem, a Polícia Militar chegou.
As chaves já não funcionavam mais, devido ao fato de a fechadura ter sido danificada com as tentativas de arrombamento. Após isso, a jovem Kawanny, vendo que as chaves já não serviam, foi buscar duas que, ao contrário do que disse (jogado fora), escondeu num móvel.
Aos policiais, eu disse, por mais de uma vez, que arrobassem a porta. Eles preferiram aguardar uma furadeira que o chaveiro foi buscar. Com ela, finalmente, conseguiram entrar no imóvel.
Com a entrada de todos, à Polícia eu relatei os fatos. Às autoridades, então, colheram dados pessoais dos presentes. Na presença dos PMs, tanto Sandra (prima) quanto Kawanny nada disseram. Uma acusação sequer fizeram contra mim.
Depois disso, todos foram embora.
Na noite da mesma quarta-feira, eu recebi mensagem da jovem Kawanny, via whatsapp, fazendo juras de amor e pedindo perdão pelo comportamento e pelas agressões. O print dessa mensagem eu compartilhei com sua avó, sua mãe e seu pai. Ainda juntarei na apuração policial e em eventual processo judicial.
Na madrugada da mesma quarta, enviei os vídeos do ocorrido para avó da jovem, relatando os fatos. A reação dela foi favorável a mim. Eu sugeri, inclusive, que tratasse a jovem com um psiquiatra, pois claramente ela teve um surto, um acesso de fúria, coisa que nunca ocorrera.
Ao pai dela (Klinton Holmes) eu também enviei o conteúdo. Dele, recebi apoio, por compreender o ocorrido.
Para minha surpresa, fui informado por amigos que estavam recebendo informação de Kawanny e de sua avó, acusando-me de agressão, acompanhada de um recorte descontextualizado do vídeo que eu mesmo produzi.
Elas ainda teriam remetido o conteúdo e as acusações a adversários políticos meus, como Raniery Paulino e Zenóbio Toscano. Como se não bastasse, também mantiveram contato com a jornalista Pâmela Bório.
É de se perguntar:
Eu teria chamado uma prima da jovem, bem como sua avó, à minha residência, se estivesse a agredí-la?
Eu teria chamado a Polícia ao meu imóvel se estivesse a agredir a jovem?
Eu teria chamado minha funcionária pra abrir a porta se estivesse a agredir a jovem?
Eu teria chamado o chaveiro pra abrir a porta se estivesse agredindo a jovem?
Eu teria autorizado que arrombassem a porta se estivesse agredindo a jovem?
Por que, na presença da polícia, a jovem e sua prima não me acusaram?
Por que não foram a uma delegacia de polícia denunciar, diferentemente de mim, que registrei tudo na delegacia (conforme provo nesta postagem)?
Por que a jovem enviou-me longa mensagem pedindo-me perdão e confessando as agressões contra mim?
Por que a avó dela posicionou-se em meu favor?
Por que o pai dela também ficou do meu lado, o lado da verdade?
Está claro que alguém mudou de posição e busca obter vantagens políticas, pois preferiu juntar-se a adversários políticos meus ao invés de recorrer às autoridades competentes para apurar os fatos. Quem foi à polícia fui eu.
Sou pobre e venci na vida dizendo a verdade, mesmo tendo que enfrentar o ódio de alguns. Nunca os temi e não será agora que haverei de temer. Vou até o fim na elucidação de tudo, e, ao final, processarei meus caluniadores, sejam quantos forem. Não permitirei que achaquem contra a minha honra. Como também não cederei a chantagens. De mim não arrancarão um centavo, nem me verão de joelhos perante a mentira.
Confio em Deus, nas autoridades e no tempo.
MaisPB