BC dos EUA eleva juros pela primeira vez em quase uma década
O Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) decidiu subir a taxa de juros do país pela primeira vez em quase uma década, após reunião encerrada nesta quarta-feira (16). Como esperado, as taxas serão elevadas entre 0,25% a 0,50%.
Em nota, o BC dos EUA diz que o comitê de política monetária considerou que houve “melhora considerável” no mercado de trabalho este ano, e está “razoavelmente confiante” de que a inflação irá subir, no médio prazo, para seu objetivo de 2%.
“Dada a perspectiva econômica, e reconhecendo o tempo que leva até que as medidas surtam efeito, o Comitê decidiu elevar a taxa de juros federal para entre 0,25% e 0,5%”, diz o comunicado.
“Dada a perspectiva econômica, e reconhecendo o tempo que leva até que as medidas surtam efeito, o Comitê decidiu elevar a taxa de juros federal para entre 0,25% e 0,5%”, diz o comunicado.
O órgão afirma ainda que, para determinar os próximos ajustes, irá avaliar os dados e as expectativas econômicas no que se refere a seus objetivos de emprego máximo e inflação em 2%.
Juros perto de zero desde 2008
A taxa básica de juros dos EUA (equivalente à Selic brasileira), vem sendo mantida no piso histórico desde o final de 2008, quando foi reduzida para dar fôlego à economia norte-americana durante a crise financeira internacional.
Neste ano, o Fed adotou a estratégia de avaliar, de reunião em reunião, o momento da primeira alta de juros em quase uma década, baseando-se apenas no fluxo de indicadores econômicos para nortear a decisão. Mas a alta foi adiada mais de uma vez.
Operadores do mercado acreditavam que o aperto monetário nos EUA começaria em setembro, em um momento em que a maior economia do mundo dava sinais de recuperação cada vez mais sólida.
Mas a decisão foi adiada com base no receio de que “a existência de riscos globais pode frear a economia”, disse o Fed, logo após os mercados asiáticos sofrerem um revés com temores de uma desaceleração da China este ano.
A chair do Federal Reserve, Janet Yellen, deixou claro que preferiria adiar a alta da taxa de juros por muito tempo do que agir mais cedo e correr o risco de afetar a fraca recuperação econômica.
Entidades como o Banco Mundial apostam que países emergentes, entre eles o Brasil, correm o risco de sofrer uma fuga de recursos e alta volatilidade em seus mercados após a elevação dos juros pelo Fed. Os mais otimistas, porém, veem até benefícios pontuais para as economias mais vulneráveis.
Reação dos mercados
A Bovespa fechou em leve alta, mesmo após a Fitch retirar o grau de investimento do Brasil, em meio às reações iniciais à decisão do Fed. O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores, subiu 0,32%, a 45.015 pontos. Na mínima do dia, chegou a recuar 1,7%.
O dólar fechou em alta de 1,24% frente ao real, a R$ 3,9247, no mesmo horário no anúncio feito pelo Fed. A moeda norte-americana reagiu corte da nota de crédito do Brasil pela agência Fitch, que levou o país a perder o selo de bom pagador (grau de investimento).
Avanço do dólar
Ao longo de 2015, o dólar avançou de cerca de R$ 2,60 para os atuais níveis próximos de R$ 3,90 reais, acumulando alta de mais de 45% até a véspera. Parte relevante desse movimento veio em linha com outros mercados emergentes e representou ajuste à perspectiva de elevação dos juros nos EUA.
Segundo economistas ouvidos pela Reuters, a primeira elevação das taxas pelo Fed pode fazer com que a moeda norte-americana supere facilmente o patamar de R$ 4, alcançado pela primeira vez na história em setembro.