Arábia Saudita rompe relações diplomáticas com Irã
O Governo da Arábia Saudita decidiu neste domingo (3) romper relações diplomáticas com o Irã após o ataque no sábado (2) à noite à embaixada saudita em Teerã e em seu consulado na cidade de Mashhad, anunciou o ministro de Relações Exteriores, Adel al Yubeir.
Em entrevista coletiva, Yubeir acrescentou que o embaixador iraniano em Riad tem 48 horas para sair da Arábia Saudita.
O ataque as delegações diplomáticas sauditas no Irã aconteceu horas depois de as autoridades de Riad executarem o proeminente clérigo e dirigente xiita, Nimr Baqir al Nimr, e outros 46 réus condenados à morte, o que provocou as críticas de boa parte da comunidade xiita. Além disso, Yubeir acusou o “discurso oficial iraniano de ser o instigador dos ataques”.
O ministro acrescentou que o Irã tem um histórico de não respeitar as missões diplomáticas desde a invasão da embaixada americana em 1979. Segundo ele, o Irã representa um refúgio seguro para os líderes da Al Qaeda desde 2001.
Yubeir afirmou também que o regime iraniano está envolvido em contrabando de armas e explosivos aos países na região para desestabilizar sua segurança.
A execução de Al Nimr pelas autoridades de Riad aumentou a tensão entre Arábia Saudita, por um lado, e Irã e os xiitas do Oriente Médio do outro, que já se enfrentam em vários conflitos na região.
No Irã, o líder supremo Ali Khamenei, condenou a morte do clérigo xiita dissidente e afirmou que os políticos sauditas pagarão por isso.
Khamenei disse que, “sem dúvidas, o injusto derramamento do sangue deste mártir inocente atuará de forma rápida e os políticos sauditas enfrentarão um castigo divino”, assinalou em seu site oficial.
Também choveram críticas desde as comunidades xiitas de países como Iraque, Iêmen, Líbano e Bahrein, assim como de organizações como a Anistia Internacional.
Al Nimr foi executado ontem, depois de a Corte Suprema confirmar sua condenação à pena de morte em outubro, por desobedecer as autoridades e instigar a violência sectária.
O clérigo foi detido em julho de 2012 por várias causas, entre elas por apoiar células terroristas e os distúrbios contra as autoridades sauditas que explodiram em fevereiro de 2011 na província de Al Qatif, no leste do país, de maioria xiita.
Além disso, as autoridades sauditas executaram também no mesmo dia outras 46 pessoas condenadas por pertencer a grupos terroristas e cometer ataques no reino.