Após uma carreata percorrendo cerca de 170 quilômetros entre Campina Grande e Monteiro, na Paraíba, os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, ambos do PT, chegaram ao eixo leste da Transposição do Rio São Francisco por volta das 14h deste domingo (19). Lula tem cobrado a paternidade da obra iniciada em 2007, no seu segundo mandato. Esse trecho do projeto foi entregue por Michel Temer (PMDB) no último dia 10.
Do trecho da Transposição, Lula e Dilma foram ao Centro de Monteiro, onde foi montada uma estrutura para os políticos que acompanham os petistas discursarem. Eles foram em carro aberto. O líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), e a líder do PT na Casa, Gleisi Hoffmann (PR), são alguns dos políticos que estão na comitiva.
Moradores do Cariri da Paraíba celebram a chegada do rio São Francisco em Monteiro (PB). A foto é de Francisco Proner Ramos pic.twitter.com/J21nH6Rgc0
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) 19 de março de 2017
O ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes, que deve disputar as eleições de 2018 pelo PDT, também acompanha os ex-presidentes. Durante o ato, aliados exaltaram Lula e voltaram a defender que ele seja o candidato do PT à presidência no próximo ano.
O ato foi organizado pelo governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB). O socialista ligado aos petistas, em discurso ao lado de Temer, durante a inauguração oficial, disse que, por dever de Justiça, deveria citar Dilma. Ele argumentou que ela era responsável por 70% dos pagamentos desta obra. “É preciso relembrar, não podemos deixar de citar Lula, que iniciou a obra, e o povo nordestino”, pontuou também.
Briga pela paternidade
Com três visitas em três meses à Transposição – a Cabrobó (PE), Floresta (PE) e Monteiro (PB) -, Temer nega que queira a paternidade da obra – “Ninguém pode tê-la”, disse -, mas tem se aproximado do projeto para melhorar a popularidade no Nordeste. Outro que tem adotado essa estratégia é o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que cedeu bombas para o empreendimento através da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e foi a Sertânia, no Sertão pernambucana, participar de vistoria.
No eixo leste, a água do São Francisco é captada em Floresta, no Sertão pernambucano, e vai até Sertânia, a primeira cidade beneficiada, onde a água abastece 35 mil pessoas. De lá, vai para o açude de Poções, em Monteiro, atendendo 33 mil moradores. Depois, a água seguirá pelo Rio Paraíba até o reservatório Boqueirão, para reforçar o abastecimento em Campina Grande e em cidades do entorno, onde a expectativa é de auxiliar 400 mil paraibanos. Quando estiver pronta nos dois eixos, a Transposição deverá atender 12 milhões de nordestinos.
A obra começou em 2007, no segundo mandato de Lula, com expectativa de ser concluída três anos depois. Foram investidos até agora mais de R$ 8 bilhões. Segundo o Instituto Lula, R$ 9,6 bilhões eram o orçamento inicial e até abril de 2016, pouco antes de Dilma Rousseff ser afastada, haviam sido executados R$ 7,95 bilhões.
De acordo com o Ministério da Integração Nacional, 96,89% do eixo leste estão concluídos até agora. Em maio, quando Temer assumiu a presidência ainda interinamente, antes da consolidação do impeachment de Dilma Rousseff (PT), a obra estava com 84,4% de conclusão nesse trecho.
Já no eixo norte…
O mais problemático, porém, é o eixo norte, onde as obras estão paradas desde junho do ano passado em um dos trechos entre Cabrobó (PE) e Jati (PE). Lá, 94,52% estão concluídas. No entanto, não há previsão prática para retomar a construção – embora o ministério espere assinar o contrato ainda este mês e Temer tenha prometido entregá-lo até o fim do ano.
Envolvida na Operação Lava Jato, a Mendes Júnior abandonou o canteiro alegando dificuldade de obter crédito e a licitação para escolher a nova empreiteira está em andamento. Duas foram desabilitadas e a terceira foi aceita cobrando R$ 518 milhões para concluir o serviço. Cabrobó foi a última cidade em Pernambuco visitada por Dilma Rousseff antes de ser afastada.
http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2017/03/19/lula-e-dilma-sao-recebidos-pela-militancia-na-transposicao/