Temer recua e revoga decreto que colocou Forças Armadas nas ruas de Brasília
Após críticas da oposição, da base aliada e de integrantes do Judiciário, o presidente da República, Michel Temer (PMDB), recuou e decidiu revogar o decreto que autoriza a presença de tropas das Forças Armadas para fazer a segurança de prédios públicos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, informou o ministro da Defesa, Raul Jungmann, nesta quinta-feira (25).
A revogação foi anunciada menos de 12 horas depois de o decreto da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) ter sido instituído. A decisão foi tomada em reunião de Temer com Jungmann e os ministros Sergio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) no início da manhã no Palácio do Planalto.
Após prédios de ministérios serem incendiados, depredados e evacuados durante a manifestação de ontem na capital federal, o governo decretou o reforço na segurança por meio das Forças Armadas. O ato teria validade até 31 de maio e poderia ser prorrogado. Em nota, o ministério da Defesa informou que 1.500 homens foram mobilizados, sendo 1.300 militares do Exército e 200 fuzileiros navais.
Em pronunciamento nesta quarta, Jungmann afirmou que os protestos viraram “baderna”. “O senhor presidente da República faz questão de ressaltar que é inaceitável baderna, inaceitável o descontrole e que ele não permitirá que atos como esse venham a turbar o processo que se desenvolve de forma democrática e com respeito às instituições.”
‘Risco’
Em nota divulgada no início da noite de ontem, a Presidência da República afirmou que as manifestações ocorridas em Brasília produziram atos de violência e vandalismo que, “lamentavelmente, colocaram em risco a vida e a incolumidade de servidores que trabalham na Esplanada dos Ministérios”.
“Diante de tais circunstâncias, o Presidente da República, após confirmada a insuficiência dos meios policiais solicitados pelo Presidente da Câmara dos Deputados, decidiu empregar, com base no artigo 142 da Constituição Federal, efetivos das Forças Armadas com o objetivo de garantir a integridade física das pessoas, proporcionar evacuação segura dos prédios da esplanada e proteger o patrimônio público, tal como foi feito anteriormente em vários Estados brasileiros. Restabelecendo-se a ordem, o documento será revogado”, informou no texto.
A nota afirmou ainda que o presidente “não hesitará em exercer a autoridade que o cargo lhe confere sempre que for necessário”.