‘Temos um terrorismo de Estado’, diz procuradora da Venezuela após ataque
No Estado de Anzoátegui (norte), um jovem de 18 anos foi morto a tiros por policiais na madrugada desta quarta, segundo o jornal “El Nacional”, durante manifestações contra Maduro. Com isso, o número de mortos nesta onda de protestos antichavistas chega a 76.
O presidente do TSJ, Maikel Moreno, condenou o ataque nesta quarta e disse que “os magistrados e magistradas se encontram sob uma ameaça terrorista, por isso devemos designar uma comissão especial a fim de investigar o ataque”.
Moreno convocou uma reunião especial com representantes dos poderes públicos para acelerar a investigação do piloto Óscar Pérez, policial que estava pilotando o helicóptero. Pérez divulgou um vídeo nesta terça-feira, dizendo não pertencer a nenhum grupo político específico, mas sim a uma “coalizão” de civis e militares que luta “contra a tirania”. O governo Maduro acusa o policial, que também é ator, de agir sob ordens dos Estados Unidos.
Segundo Maduro, o piloto do helicóptero trabalhou para seu ex-ministro do Interior e da Justiça Miguel Rodríguez Torres, general reformado que se distanciou do governo e foi vinculado pelo presidente ao suposto complô.
Na terça-feira (27), antes da denúncia do helicóptero, Rodríguez Torres, que foi diretor de Inteligência do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013), chamou de “sandices” as acusações de Maduro, que o denunciou como um agente a serviço da CIA e de trabalhar por uma intervenção militar dos Estados Unidos.
“Os golpes são dados pelos militares na ativa. Sou general reformado há três anos, e militares reformados não dão golpes”, descartou Rodríguez Torres, em entrevista coletiva.
Algumas horas antes do incidente com o helicóptero, Maduro havia advertido que, “se a Venezuela afundasse no caos e na violência e a Revolução Bolivariana fosse destruída, iríamos para o combate (…) e o que não se pode com os votos, tomaríamos com as armas”.
REAÇÕES
A França pediu o fim imediato das ações violentas, enquanto o Equador, aliado de Caracas, condenou o “ataque armado” e criticou o que chamou de “tentativas desestabilizadoras”.
Em nota, o Itamaraty afirmou que “acompanha com muita preocupação a escalada de tensões na Venezuela”. “A violação sistemática do princípio da independência dos poderes é uma das provas mais ostensivas da situação autoritária em que vive a Venezuela”, diz o comunicado.
FOLHA