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Recife em alerta contra a raiva após morte de dona de petshop

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Cerca de 30 bairros da área central do Recife estão sendo monitorados depois do caso suspeito de raiva humana registrado na Cidade. A área foi definida a partir do local onde um gato de rua mordeu a dona do pet shop Artevestepet, Adriana Vicente da Silva, de 35 anos, no bairro da Soledade. As ações de bloqueio englobam um raio de cinco quilômetros e consistem na vacinação de cães e gatos domésticos e de rua neste perímetro, além da captura de morcegos. Tutores de animais e moradores estão sendo orientados sobre o que fazer em caso de acidentes com animais. Até a quinta-feira (29), foram visitados 4.972 imóveis e cerca de 150 animais foram imunizados contra a raiva.

Adriana, que estava internada no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HOUC) desde a segunda-feira em estado gravíssimo, morreu na noite de ontem. O Serviço de Verificação de Óbito (SVO) deverá confirmar a infecção pelo vírus. A última morte no Estado foi em 2006, de uma pessoa mordida por cachorro. Depois disso, em 2008, o jovem Marciano Menezes da Silva, de 24 anos, que é morador de Floresta, no Sertão, também foi contaminado após a mordida de um morcego, mas conseguiu sobreviver à doença, num registro raro na saúde mundial. Parentes da nova vítima contaram que ela foi mordida há dois meses, mas não tomou medidas profiláticas.

“Uma mulher foi ao pet shop e a chamou pra resgatar o gato, mas essa mulher já tinha sido mordida também e não falou nada”, disse o irmão de Adriana, Carlos Ericksson. O animal já apresentava sinais de adoecimento e ambas acreditavam que ele estava envenenado. Segundo ele, esta segunda pessoa chegou a visitar a empresária no hospital e estaria sendo procurada pelas autoridades de saúde para iniciar um tratamento.

A dona do pet shop, de acordo com os familiares, apenas lavou o local da lesão – a mama direita – com água e sabão e tomou remédios para dor, mas não buscou posto de saúde para tomar a vacina nem o soro antirrábico. O gato teria morrido horas depois do ataque. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a vítima apresentou sintomas no último dia 18, sendo internada no Hospital Agamenon Magalhães no dia 24. Com o agravamento do quadro foi transferida para o HUOC.

A médica intensivista Ana Flávia Campos, que cuidou da empresária, lamentou o caso. “Precisamos alertar sobre imprudência. Ela foi mordida por um animal que estava doente e que sabidamente transmite raiva, mas não foi feita a profilaxia. Toda a situação poderia ter sido evitada”, avaliou.

A médica explicou que o tempo médio de incubação da raiva pode variar de um a três meses, mas há relatos de casos em seis meses. Como os sintomas iniciais são inespecíficos, podem ser confundidos com outras doenças. Depois acontece distúrbios comportamentais, agressividade, rebaixamento do nível de consciência, convulsões e coma. A intensivista contou que Adriana chegou muito mais grave que o último paciente, Marciano. Outro fato curioso é que os relatos de sobrevivência foram de ataques de morcego.

Todos os mamíferos são susceptíveis à raiva. A veterinária da UFRPE Karina Melo comentou que saguis e morcegos são animais que funcionam como reservatórios naturais do vírus. Os bichos domésticos, a exemplo de cães e gatos, são considerados hospedeiros definitivos. Neles, a transmissão acontece também pela saliva de outros animais contaminados e os leva a morte.

O Pipoco

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