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O PREFEITO DE MONTEIRO ACABOU O CABARÉ por NAL NUNES

nal-nunes-300x300 O PREFEITO DE MONTEIRO ACABOU O CABARÉ por NAL NUNESO Major Nilo Feitosa Ventura (avô do Dep. Nilo Feitosa) foi prefeito de Monteiro em 1917, com vários mandatos e uma boa gestão. Tempos depois, em 1928, assumiu o comando o prefeito Ageu de Castro, que foi o responsável pela beleza arquitetônica das avenidas principais de Monteiro. Fato este conquistado a duras penas pelas mãos do sisudo prefeito que, para executar sua obra, teve que se indispor com gente de famílias tradicionais de Monteiro para soerguer o que hoje é o cartão postal da cidade. Aonde eram currais tortuosos deu-se lugar a uma bela avenida, larga e em linha reta anunciando a chegada da modernização. Vários outros também deram a sua contribuição nessa época( década de 40 até início de 60), a exemplo de Alcindo Bezerra de Menezes, Silva Brito, Sebastião César, Inácio Feitosa, Pedro Bezerra Filho e outros. No final da década de sessenta, o então prefeito Arnaldo Lafayette derrubou várias casas de taipas existentes depois do Grande Hotel de Monteiro, hoje centro movimentado em pleno coração da cidade. No início da década de oitenta, na gestão do prefeito Antônio Nunes, a cidade de Monteiro já alcançava voos mais significativos rumo ao desenvolvimento peculiar a toda cidade que cresce e transforma seu sistema paisagístico, muitas vezes em detrimento das coisas primitivas e naturais edificadas nos corações dos saudosistas. Onde hoje é a Cagepa e a Secretaria de Educação foi o cabaré de Monteiro. É a chamada civilização que, nem sempre contemplam a todos com suas novas arquiteturas, principalmente quando se destrói bruscamente, do dia prá noite, o mais apaixonante ninho dos boêmios do lugar, estava entrando na história naqueles dias “A DERRUBADA DO CABARÉ”. Foi nesse ambiente de extrema melancolia, de tristeza fúnebre, que o poeta Pedro Jararaca, totalmente insatisfeito com a ação do prefeito Antônio Nunes, construiu esse poema. Nele o poeta procurou elencar os mais fieis usuários daquelas casas de amor. Eis:
POR NAL NUNES-

O PREFEITO DE MONTEIRO
ACABOU O CABARÉ
Autor: Pedro Jararaca

O Domingo genuíno
Quando soube da notícia
Correu com muita perícia
Foi dizer a Severino
Chamou Vicente de Gino
Que ia tomar café
Quando chegou Josué
Para saber do roteiro
Que o prefeito de Monteiro
Acabou o cabaré

Disseram a Neco Bandeira
Bandeira disse a Cirilo
Cirilo deu um cochilo
Que quase cai da cadeira
Tantão vinha na carreira
Caiu e torceu o pé
Para saber o que é
Quando viu o desespero
O prefeito de Monteiro
Acabou o cabaré

Mandaram no Mulungú
Um portador muito urgente
Avisar a toda gente
E chamar João Jenú
Que não bebesse pitú
E viesse mesmo a pé
Para saber o que é
Não gastasse seu dinheiro
O prefeito de Monteiro
Acabou o cabaré

Disseram a Elizeu
Elizeu perdeu o plano
Vicente de Cassiano
Ouvindo a lágrima desceu
Vicente disse a Zereu
Zereu falou prá Noé
Prá avisar a Zé Têmpero
O prefeito de Monteiro
Acabou o cabaré

Foi tão grande confusão
Disseram a Néu do jogo
Quase o mundo pega fogo
Naquela ocasião
Foram chamar Zé Grampão
Prá avisar a Zé de Né
Chamaram Mané Tiné
Pra dizer a Zé Barbeiro
Que o prefeito de Monteiro
Acabou o cabaré

O tenente Zé Morais
Chegou lá só viu o canto
Saiu derramando pranto
De lágrimas sentimentais
Viu que não podia mais
Demorou ficou em pé
Disse eu já sei quem é
Foi aquele Tabaqueiro
O prefeito de Monteiro
Acabou o cabaré

Em frente tinha uma casa
Vinha uma mulher da vida
Já vinha de outra avenida
Acompanhando Piaza
Piaza riscando a asa
Mas quando o dono deu fé
Perguntou como é que é
Ele respondeu ligeiro
O prefeito de Monteiro
Acabou o cabaré.

Nota: Tabaqueiro era o apelido atribuído ao prefeito Antônio Nunes.

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