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Militares são presos após rebelião contra Maduro

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Vinte e sete militares foram detidos nesta segunda-feira (21) após se rebelarem contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. A agitação provocada pela rápida insurgência se somou a uma sentença do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que declarou “nula” a junta diretiva parlamentar presidida pelo jovem opositor, Juan Guaidó.

De madrugada, 27 membros da Guarda Nacional (GNB) de Macarao, oeste do país, roubaram armas de guerra de um posto em Petare, no leste, e se entrincheiraram em seguida no quartel do bairro Cotiza, onde foram detidos, segundo um comunicado da Força Armada (FANB).

“Aqui está a tropa profissional da GNB contra este regime que não reconhecemos. Preciso do apoio de vocês, saiam às ruas”, disse um militar que se identificou como sargento dessa corporação, em um dos vários vídeos que circularam nas redes. Essa ação ocorre às vésperas das manifestações convocadas pela oposição e pelo governo, no que se anuncia como o primeiro grande ato nas ruas desde os protestos de 2017, que deixaram 125 mortos.

Sob a liderança de Guaidó, o Congresso – onde a oposição tem maioria – declarou Maduro “usurpador”, após a sua posse em 10 de janeiro para um segundo mandato, considerado ilegítimo por vários governos, e concedeu uma anistia para os militares que não o reconhecerem. “Fazemos um chamado à Força Armada para restabelecer a ordem”, disse Guaidó à imprensa.

“Estamos com eles!”

No comunicado divulgado pelo ministro da Defesa, o general Vladimir Padrino López, a Força Armada se refere aos rebeldes como um “pequeno grupo” que “sequestrou” quatro militares. “Durante a prisão, conseguiram recuperar o armamento roubado. A esses sujeitos será aplicado todo o peso da lei”, advertiu.

Após saberem do caso por meio dos vídeos, um grupo de moradores de Cotiza chegou às proximidades do quartel para apoiar os rebeldes, bater panelas e fizeram barricadas com lixo, antes de serem dispersados por policiais e militares com bombas de gás lacrimogêneo.

“Se eles se unem com nosso país, estamos com eles. Vamos estar nas ruas. Liberdade!”, gritou uma mulher. “Queremos que Maduro se vá, estamos cansados!”, disse um homem. Ao meio-dia, outros moradores de bairros próximos a Cotiza saíram às ruas. Mais tarde, a situação se normalizou. Os rebeldes foram levados ao Forte Tiuna, principal complexo militar do país, sob ordens da Procuradoria e da Justiça militar, segundo versões da imprensa.

“Golpe de Estado”

O Parlamento venezuelano se comprometeu há uma semana a “decretar uma lei de anistia” para “funcionários civis ou militares” que não reconhecem o presidente e cooperam com o “governo de transição”. Maduro considera essa proposta como parte de um “golpe de Estado” em curso, por trás do qual, segundo ele, estão a Casa Branca e vários governos latino-americanos, que também sustentam que a sua reeleição em maio de 2018 foi fruto de um processo ilegítimo.

A Força Armada, composta por 365.000 mil soldados e 1,6 milhão de milicianos civis, reafirmou a sua lealdade “absoluta” a Maduro após a posse. Mas dois generais foram presos por um suposto ataque contra o presidente em 4 de agosto, quando dois drones explodiram perto de um palanque onde Maduro liderava um ato militar.

Cerca de 180 soldados foram detidos em 2018, acusados de conspiração. A ONG Human Rights Watch denuncia torturas. Em um contexto em que poucos escapam da escassez de alimentos e remédios e da hiperinflação, 4.309 soldados desertaram da Guarda Nacional em 2018, segundo uma lista vazada do organismo e citada pela Controle Cidadão. A ONG estima que 10.000 membros da Força Armada tenham pedido baixa desde 2015.

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