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A hipocrisia por trás da proibição das vaquejadas

Vaqueiros-nas-ruas-300x169-300x169 A hipocrisia por trás da proibição das vaquejadas

Tenho encontrado grandes debates, nos últimos dias, em relação à proibição das vaquejadas. Os defensores da prática (prefiro não chamar de esporte) saíram às ruas, para se manifestar contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que, com margem apertada de votos, decidiu pela inconstitucionalidade de uma lei cearense que disciplinava a derrubada de boi. A decisão abre espaço para que magistrados de instâncias inferiores, se provocados, proíbam as festas  derrubada do boi. Ao contrário do que muita gente pensa, não houve decisão proibindo diretamente as vaquejadas, mas é inegável que a decisão gerou insegurança jurídica para todas elas.

Por experiência própria, confesso que fui a pouquíssimas vaquejadas na minha vida e nunca me senti, digamos, atraído. Agora, não dá para desconsiderar a importância histórica da festa. Uma tradição que se confunde com a origem das cidades do Agreste e do Sertão do Nordeste. O gado era criado solto e, periodicamente, os vaqueiros corriam na caatinga a procurar o rebanho. A festa surgiu daí. É uma indústria, hoje, que movimenta milhões de reais e emprega também milhares de pessoas. Tem gente que ganha e tem gente que perde dinheiro como em qualquer prática esportiva. Serve de entretenimento tendo o vaqueiro e, de forma involutária, o boi como principais estrelas.

A decisão do STF tem uma função importante. Serviu, sobretudo, para resgatar o debate. Já estava mais do que na hora. Entidades e grupos têm se organizado para dizer que são contra as vaquejadas. A alegação mais recorrente é a de maus tratos. Acham primitiva a prática de puxar os bois pela cauda, fazendo com que eles caiam entre duas faixas pintadas de cal. O animal deve realmente sofrer ao ser puxado pelo rabo. Concordo e aceito o argumento quando apresentado por pessoas que não consomem carne bovina. São vegetarianos ou adeptos da dieta do mediterrâneo, mais saudável, inclusive, que o consumo da carne vermelha.

Não dá, no entanto, para travar um embate descente com quem não resiste a um churrasco. Esta pena dos animais não combina com os amantes da picanha. Quer dizer, puxar a causa do bicho não pode, mas se ela vier no prato em forma de rabada, tudo bem? Não amigo. A defesa mais comum para o argumento é a de que não se está discutindo cadeia alimentar. Um argumento, convenhamos, sem sentido. Os seres humanos estão na cadeia alimentar de leões e tigres e os animais são mortos nos zoológicos sempre que fazem valer o instinto e atacam quem se aproximar mais das jaulas. Por esta lógica, não deveriam ser sacrificados.

Duvido que o Supremo venha a incluir os rodeios nesta discussão e eles sejam proibidos. A atividade é mais ofensiva aos animais, mas se desenrola em uma região mais rica do país. Temos muito a discutir ainda sobre o consumo de carne bovina para, depois disso, chegarmos nas vaquejadas. Quando o gado deixar de ir para o prato, sim, chegará a hora de acabar com todas as vaquejadas, rodeios e touradas do planeta. Nada é mais primitivo que o ser humano nos dias de hoje ainda estar consumindo carne de outros animais para se manter vivo.

Jornal da Paraiba

O Pipoco

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